Chiquita colocou foto do filho na campanha
Divulgação / CampanhaA mãe do pré-candidato a vereador morto a tiros em Patrocínio, a 390 km de Belo Horizonte, foi eleita a vereadora mais votada da cidade, neste domingo (15).
Francisca Carneiro dos Santos (PSDB), mais conhecida como Chiquita, de 58 anos, assumiu a candidatura ao cargo após Cássio Remis ser assassinado pelo irmão do prefeito, Deiró Marra (Dem), que foi reeleito, com 61,61% dos votos. Jorge Marra (DEM), autor confesso do crime ocorrido no dia 24 de setembro, era o então secretário de Obras da cidade.
Em conversa com o R7, nesta segunda-feira (16), Chiquita disse que estava confiante na vitória, mas não imaginava que seria a mais votada entre os 15 vereadores da cidade. A servidora pública recebeu o apoio de 2.701 eleitores, contra 2.373 do segundo colocado.
Chiquita destaca que tomou a decisão de se lançar ao cargo dois dias após a morte de Remis e avalia que agora tem uma "uma grande responsabilidade nas mãos".
— Foi em um momento muito difícil. Tive que encarar um momento como este de forma muito dolorida para honrar o nome do meu filho, mas foi uma vitória muito bonita.
Gestão
Chiquita planeja seguir um programa de governo na linha defendida pelo filho assassinado. A fiscalização aos recursos públicos é um dos pilares do projeto. Outro braço de atuação será o serviço social.
— Precisamos dar dignidade às pessoas para que elas possam parar de mendigar cesta básica. Precisamos mudar isto.
A servidora pública aposentada diz que o caminho natural vai ser estar na bancada de oposição a Deiró Marra na Câmara Municipal, já que ela apoiou outro candidato a prefeito.
— O Legislativo é independente do Executivo e é assim que a gente tem que trabalhar. Não sou subordinada do prefeito. O que eu tiver que fazer, farei com independência e temos que buscar a opinião pública para isto.
Candidata
Chiquita foi eleita a um cargo público pela primeira vez. Ela já havia tentando uma cadeira na Câmara em 2016, sem sucesso.
A servidora pública aposentada destaca que a política já está presente na vida da família desde 1988, quando o marido concorreu a vereador na cidade pela primeira vez.
No início da década de 2000, foi a vez do filho Cássio Remis se lançar ao meio político. Ele foi vereador e presidente da Câmara.
O crime
Remis foi assassinado enquanto tentava reaver o telefone celular que teria sido tomado por Jorge Marra minutos antes, quando o pré-candidato fazia uma live na internet.
O postulante ao cargo de vereador denunciava na transmissão ao vivo uma suposta obra que a prefeitura que iria beneficiar a instalação do comitê de campanha de Deiró Marra em uma casa na região.
O crime aconteceu em frente à sede da Secretaria de Obras. Segundo a polícia, o suspeito disparou cinco tiros contra a vítima.
Remis foi vereador de Patrocínio entre os anos de 2009 e 2016. Neste período, o político chegou a presidir a Câmara Municipal. O suspeito foi preso três dias depois e segue em um presídio da região. A Justiça aceitou a denúncia contra Marra e ele se tornou réu no caso.