Descoberta em autópsias indica possível motor silencioso do Alzheimer
Inflamação precoce pode ter papel decisivo na progressão do Alzheimer
Fala Ciência|Do R7

A compreensão sobre o Alzheimer, uma das doenças neurodegenerativas mais devastadoras, acaba de ganhar um novo capítulo. Pela primeira vez, uma análise detalhada de autópsias cerebrais conseguiu identificar alterações profundas em células que atuam como a linha de frente da defesa do cérebro.
Os achados, publicados na revista científica Nature Aging, sugerem que a inflamação precoce pode ter um papel maior do que se imaginava na progressão da doença.
Microglia: as defensoras cerebrais que podem perder o controle
A microglia é fundamental para manter o cérebro saudável. Essas células:
• limpam resíduos celulares
• removem sinapses desgastadas
• preservam a comunicação entre os neurônios
• ajudam a formar circuitos essenciais para memória e cognição
Porém, as autópsias revelaram que, em cérebros afetados pelo Alzheimer, parte dessas células passa a assumir um estado pré-inflamatório persistente. Em vez de proteger, elas se tornam mais reativas, liberando substâncias que podem acelerar danos neuronais.
Esse comportamento desregulado cria um cenário de risco, no qual a célula encarregada de proteger o cérebro se transforma em uma fonte contínua de estresse inflamatório.
O que os pesquisadores observaram nas análises pós-morte

Os cientistas analisaram amostras de tecido cerebral de doadores, sendo parte deles diagnosticados com Alzheimer e parte sem a doença. O objetivo era identificar, em nível genético, como a microglia se comportava em cada perfil.
Utilizando sequenciamento de RNA em núcleo único, a equipe identificou dez grupos distintos de microglia, três deles nunca descritos antes. Um desses grupos, altamente associado a processos inflamatórios e morte celular, era muito mais frequente em cérebros afetados pela doença.
Essas descobertas indicam que o desequilíbrio na atividade da microglia pode ser um dos fatores que contribuem para:
• aumento da inflamação
• redução da capacidade de limpeza cerebral
• maior vulnerabilidade de neurônios
• avanço silencioso da neurodegeneração
Descoberta pode transformar o futuro do tratamento
Ainda não se sabe se a microglia desregulada inicia o processo do Alzheimer ou se apenas reage à doença. De qualquer forma, o estudo traz uma pista essencial: diferentes subtipos de microglia podem se tornar alvos estratégicos para terapias futuras.
Essa abordagem abre caminho para tratamentos que:
• reduzam a inflamação precoce
• restabeleçam o equilíbrio celular
• retardem a perda de neurônios
• protejam o envelhecimento cerebral
A descoberta oferece uma nova perspectiva para uma doença complexa e ainda sem cura, reforçando a importância de compreender profundamente o sistema imunológico do cérebro.














