"A China pode surpreender o mundo em Glasgow", diz Al Gore
País asiático já se comprometeu, na Assembleia-Geral da ONU, a não financiar mais a construção de usinas movidas a carvão
Internacional|Do R7
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore tem esperança de que a China e os EUA deixem de lado as diferenças nas negociações sobre mudanças climáticas durante a cúpula da ONU em Glasgow, assim como trabalharam juntos em 2015 para firmar o Acordo de Paris.
Ao falar em uma entrevista transmitida na segunda-feira (4) durante a conferência Reuters Impact, Gore disse que a China pode surpreender o mundo ao apresentar pelo menos uma de suas duas metas para atingir o pico das emissões e se tornar neutra em emissões de carbono.
Gore disse que os atritos entre a China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa no planeta, precisam ser levados em conta. Pequim e Washington se confrontaram por causa de abusos contra os direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, e também devido a atividades militares no mar do Sul da China.
Mas Gore, que foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz em 2007 por seu trabalho para informar o mundo sobre as mudanças climáticas, espera que as tensões entre os dois países sejam aliviadas nas conversas da COP26 da ONU em Glasgow, na Escócia, que começam em 31 de outubro.
"É verdade que no início do ano... não parecia que os astros estavam alinhados", disse. "Desde então, vimos uma promessa bem-vinda do presidente Xi Jinping na Assembleia-Geral da ONU, com o anúncio de que a China vai suspender o financiamento a usinas de carvão no exterior."
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Xi anunciou no mês passado que a China vai parar de construir novas usinas de energia movidas a carvão fora do país, após promessas similares de Japão e Coreia do Sul no início do ano. O enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, também havia pedido que a China seguisse a medida.
Antes da COP26, líderes empresariais globais e políticos estão participando da conferência Reuters Impact para discutir iniciativas voltadas a mitigar as mudanças climáticas e impulsionar o crescimento sustentável.
Gore disse que acredita que Xi possa apresentar uma das metas estabelecidas no ano passado na Assembleia-Geral da ONU, a de que a China chegaria ao pico de emissões antes de 2030 e se tornaria neutra em carbono antes de 2060.
"A China pode surpreender o mundo em Glasgow", disse Gore.
O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu em setembro trabalhar junto com o Congresso para dobrar a verba destinada a ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas para 11,4 bilhões de dólares por ano até 2024, e Gore disse que isso pode contribuir para que outros países aumentem suas verbas.
Um aumento de verbas pode ajudar a atingir uma meta global estabelecida há mais de uma década, de 100 bilhões de dólares por ano até 2020, como auxílio a países vulneráveis às mudanças climáticas – um prazo que veio e se foi sem que o objetivo fosse alcançado.