Acordo contra aquecimento global é "irreversível", diz cúpula do G20
Comunicado final da cúpula do G20 reforça Acordo de Paris e compromisso global para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa
Internacional|Diego Junqueira, do R7, em São Paulo, com Reuters
Os líderes das 20 nações mais ricas do mundo assinaram neste sábado (1º) uma declaração conjunta que reforça o Acordo de Paris, pacto ambiental assinado em 2015 que prevê reduzir a emissão de gases do efeito estufa e controlar o aquecimento global.
O comunicado foi divulgado logo após o encerramento da Cúpula do G20, que reuniu nesta sexta-feira (30) e sábado, em Buenos Aires, na Argentina, os chefes de estado das maiores economias do mundo.
Além de tratar do Acordo de Paris, a declaração conjunta, de seis páginas, defende o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico focado nas pessoas e uma reforma na OMC (Organização Mundial do Comércio) para acompanhar as rápidas mudanças nas negociações internacionais.
Mudanças climáticas
De acordo com o documento final da cúpula do G20, o Acordo de Paris é "irreversível", assim como o compromisso para sua "total implementação", "refletindo responsabilidades comuns, mas diferenciadas", segundo as "diferentes circunstâncias nacionais".
"Nós continuaremos a enfrentar as mudanças climáticas e estimular o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico", diz o comunicado.
A declaração reitera a decisão dos Estados Unidos de abandonar o Acordo de Paris, que no entanto se compromete com a proteção do meio ambiente.
Fechado em 2015 durante a COP 21 (convenção da ONU sobre mudanças climáticas), o Acordo de Paris foi considerado histórico por reunir praticamente todos os países do mundo (195 de 197 países, à exceção de Síria e Nicarágua) em um pacto contra o aquecimento global. Sua principal meta é limitar a elevação das temperaturas globais em no máximo 1,5°C até 2100, em comparação com os níveis da era pré-industrial. Relatórios da ONU, no entanto, apontam que o mundo caminha para um aquecimento global de 3°C até o fim deste século.
A declaração defende maiores investimentos no desenvolvimento de fontes de energia limpas. "Nós encorajamos a transição energética que combine crescimento com redução da emissão dos gases de efeito estufa para sistemas mais limpos, flexíveis e transparentes", diz o texto.
Mudanças na OMC
Finalizado depois de as delegações terem trabalhado no texto ao longo da noite de sexta-feira, segundo a agência de noticias Reuters, o comunicado reconhece o comércio como uma engrenagem importante para o crescimento global, mas faz apenas uma menção de passagem aos “atuais problemas comerciais”, sem entrar em mais detalhes.
“Nós reconhecemos a contribuição que o sistema de comércio multilateral fez”, disse o comunicado. “O sistema, neste momento, não está conseguindo atingir seus objetivos e há espaço para melhoria. Nós, portanto, apoiamos as reformas necessárias à OMC para melhorar o seu funcionamento. Vamos revisar o progresso na nossa próxima cúpula”.
A OMC é questionada principalmente pelos Estados Unidos em seu papel de árbitra em disputas comerciais e supervisora do comércio global.
Os Estados Unidos estão infelizes com o que afirmam ser o fracasso da OMC de cobrar Pequim por não abrir sua economia, como previsto quando a China juntou-se ao órgão, em 2001.
Ao forçar reformas à OMC, os Estados Unidos bloqueiam novas nomeações à principal corte de comércio do mundo. A União Europeia também pressiona por reformas na OMC.