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Advogado de brasileira separada do neto nos EUA enumera abusos

Advogado baseado no Texas atende dezenas de casos de imigrantes, alguns brasileiros; para ele, o que acontece hoje na fronteira é 'horrível'

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Crianças detidas em abrigo no Texas aguardam decisões judiciais para sair
Crianças detidas em abrigo no Texas aguardam decisões judiciais para sair

Além do caso da brasileira Maria Bastos e seu neto, Matheus, separados pela imigração dos EUA há quase 10 meses, o advogado Eduardo Beckett representa outras famílias de imigrantes em processos de pedido de asilo. Baseado em Santa Tereza, no Texas, a poucos quilômetros da fronteira com o México, ele tem cada vez mais separações dolorosas para tentar solucionar na Justiça.

A história da avó e do jovem de 16 anos, autista e epiléptico, que estão separados há 10 meses e foram colocados em centros do governo a mais de 3.200 quilômetros um do outro é grave, mas está longe de ser a única.

Mãe e filho

Um dos piores casos que o advogado citou, sem revelar a identidade dos envolvidos, é o de uma mãe brasileira pega na fronteira com o filho de 7 anos, enquanto tentava entrar legalmente no país, fazendo um pedido de asilo. Os dois foram separados pelas autoridades e o menino entrou em desespero.


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"Ela disse aos patrulheiros que ele tinha apenas 7 anos, que nunca havia ficado longe dele antes. O menino gritava, perguntava se eles iam levar a mãe embora para matá-la. Um dos homens disse para ela 'não tornar as coisas piores' e ela teve de assistir o carro indo embora, com o menino chorando", conta Beckett.

Segundo o advogado, o menino já está na casa de parentes nos EUA, mas a mãe segue detida por tentar entrar ilegalmente no país e não conseguiu se encontrar com ele de novo. "É uma situação lamentável", avalia.


Decisão em breve

Sobre o caso de Maria e Matheus, Beckett diz que uma decisão deve sair "em breve", mas não há como medir o sofrimento causado para o jovem, que dependia exclusivamente da avó e já foi mandado a duas instituições diferentes desde que foi separado dela.


"É horrível o que estão fazendo. Ele tem necessidades especiais, precisa da avó por perto, precisa ser medicado, precisa de atenção, de carinho. Não tem justificativa nenhuma para manter os dois afastados", afirma.

O advogado disse que funcionários das duas clínicas onde o brasileiro esteve já escreveram para a imigração, tentando chamar atenção das autoridades para a necessidade de Matheus.

Reunião no Congresso

Na terça-feira (19), o presidente Donald Trump esteve no Congresso dos EUA para tratar da crise causada pela política de 'tolerância zero' na fronteira com o México e as imagens de crianças separadas pelos pais, que tomaram conta do noticiário.

Segundo um parlamentar republicano, que esteve em uma reunião a portas fechadas com Trump, o presidente teria dito que "os bebês chorando não dão uma boa imagem política".

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