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EUA: Brasileiro autista de 16 anos está há meses detido longe da avó

Avó tentou entrar nos EUA com neto fazendo pedido de asilo como exige o governo, mas está detida a mais de 3 mil quilômetros de distância dele

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Imigrante comparece a audiência de permanência nos EUA
Imigrante comparece a audiência de permanência nos EUA Imigrante comparece a audiência de permanência nos EUA

Em agosto de 2017, meses antes do governo Trump implementar a política de 'tolerância zero' na fronteira dos EUA com o México, uma avó brasileira e seu neto de 16 anos, autista e epiléptico, chegaram a um posto de entrada no estado do Novo México.

Ela deu entrada em um pedido de asilo porque estava sendo ameaçada no Brasil, foi detida em uma instalação federal e nunca mais viu o adolescente, que está a mais de 3 mil quilômetros de distância.

Maria Bastos e o neto Matheus estão separados há mais de 10 meses. Ela aguarda no Texas o julgamento de seu pedido de asilo. Ele já ficou internado em duas instituições e agora está em um centro federal para pessoas com deficiência em Connecticut, na costa Leste dos EUA.

Visto negado

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A principal justificativa contra Maria está no fato de que ela tinha visto de turista há mais de 10 anos, entrava e saía frequentemente dos EUA e foi flagrada com dinheiro ganho no país, após trabalhar ilegalmente como babá em 2007. Ela assinou um termo em que se comprometia a não voltar ao país durante 5 anos.

"Ela assinou e cumpriu, nunca mais tentou entrar. Agora o procurador está usando isso para tentar negar o pedido. A vida dela corre risco no Brasil, é um erro. E o neto precisa dos cuidados dela, sofre muito por estar longe. Para mim, é uma situação parecida com tortura", afirma Eduardo Beckett, advogado da brasileira.

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Documentação completa

Segundo o advogado, Maria fez tudo como o governo exige. Cruzou a fronteira em um posto oficial, se apresentou às autoridades e fez o pedido. Ela deveria ter sido colocada sob custódia e jamais separada do neto, de quem cuida há vários anos, desde que os pais do jovem se mudaram, também para os EUA.

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"Ela entrou legalmente, tem todos os documentos, inclusive provando que tem a guarda legal de Matheus. Eles foram separados e estão fazendo um jovem com deficiência sofrer sem necessidade, é desumano, uma violação dos direitos", analisa Beckett.

Perseguição no Brasil

A brasileira entrou com pedido de asilo nos EUA porque está ameaçada de morte em sua cidade natal, em Goiás. Ela denunciou problemas na escola onde estudava no neto, o diretor foi demitido e ela recebeu ameaças de um parente que é policial. No entanto, por ser vítima de um problema individual e não uma perseguição por pertencer a um grupo específico, ela tem chances de ser deportada.

"É o pior cenário, o correto é ela ficar nos Estados Unidos, mas parece que agora o governo trata pessoas da América do Sul e Central como indesejáveis. Se fossem europeus pedindo asilo, ou pessoas com dinheiro, dificilmente eles teriam algum problema", critica o advogado.

Pressão política

Nas últimas semanas, a administração Trump vem sendo pressionada por conta da política de 'tolerância zero', que já resultou em mais de 2 mil crianças separadas dos pais que buscavam entrar ilegalmente nos EUA.

Entre elas, pelo menos oito são brasileiros. Sete estão em um abrigo em Tucson, no Arizona, onde um ex-funcionário relatou que foi orientado pela direção a separar três irmãos vindos do Brasil que estavam se abraçando.

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