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Afinal, qual é o risco de um terremoto no Brasil?

Mesmo afastado das bordas tectônicas, país registra abalos de baixa intensidade e monitoramento é considerado fundamental

Internacional|Do R7

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Brasil está em uma região de estabilidade geológica e, por isso, não tem terremotos intensos Tumisu/Pixabay

As imagens de devastação provocadas por grandes terremotos em regiões como Turquia, Chile ou Japão frequentemente levantam a questão: qual o risco de tremores de terra semelhantes ocorrerem no Brasil?

Embora as chances de um grande evento destrutivo sejam baixíssimas por aqui, o território brasileiro não está completamente imune à atividade sísmica, nem aos reflexos de grandes abalos em países vizinhos.


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De acordo com especialistas e dados da Rede Sismográfica Brasileira, os tremores mais frequentes no Brasil são de baixa intensidade, geralmente abaixo de magnitude 4 na escala Richter. O maior terremoto registrado no país, ocorrido na Serra do Tombador, no Mato Grosso, em 1955, alcançou magnitude 6,2. Apesar da magnitude elevada para padrões nacionais, não houve danos significativos porque a área era pouco habitada. Já em áreas urbanas, abalos mais leves podem ser sentidos, causando susto, quedas de objetos e pequenas rachaduras.


O Brasil está situado no centro da Placa Sul-Americana, afastado das zonas de contato e atrito entre grandes placas tectônicas — exatamente onde ocorrem os terremotos mais intensos no planeta. Essa localização garante ao país uma relativa estabilidade geológica.


O país tem tanta sorte nesse sentido que apenas regiões como o Centro-Leste dos Estados Unidos e partes da Antártida são tão estáveis quanto o Brasil nesse aspecto.


Entretanto, a existência de falhas geológicas no interior da placa sul-americana explica a ocorrência dos chamados terremotos intraplaca. Essas falhas acumulam energia ao longo do tempo e, eventualmente, liberam-na na forma de tremores. Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Ceará e o norte do Acre estão entre as regiões mais suscetíveis, segundo mapeamentos da USP e da Universidade Federal de Minas Gerais.

Histórico de terremotos no Brasil

Apesar da maioria dos abalos ser inofensiva, eventos mais expressivos já ocorreram em solo brasileiro. Em 2007, Itacarambi (MG) registrou um terremoto de magnitude 4,9, com danos em edificações e uma morte. João Câmara (RN) enfrentou em 1986 um tremor de 5,1 na escala Richter, provocando prejuízos estruturais e o deslocamento de moradores. Em Tarauacá (AC), abalos acima de magnitude 6 já foram sentidos, embora geralmente em grandes profundidades, o que reduz seu impacto na superfície.

Segundo estudos recentes, a região Nordeste é apontada como a mais propensa a terremotos de magnitude levemente superior a outras partes do país. Em cidades como João Câmara, Uauá e Vale do Jaguaribe, os tremores são relativamente frequentes devido à presença de grandes falhas tectônicas, como a de Samambaia. Um levantamento da Rede Sismográfica Brasileira identifica áreas com atividade sísmica relevante também no Pantanal, centro de Goiás, sul de Minas e parte da Amazônia.

Vale ressaltar que o Brasil, embora distante das bordas das placas, pode sentir vibrações provocadas por grandes terremotos nos Andes, especialmente no Chile, Peru e Colômbia. Nesses casos, a energia percorre milhares de quilômetros, sendo percebida por moradores de regiões mais sensíveis, mas sem causar danos.

Em 2024, um terremoto de magnitude 7,4 ocorrido no Norte do Chile chegou a ser sentido em várias cidades brasileiras e até mesmo na Região Metropolitana de São Paulo.

Além dos fenômenos naturais, atividades humanas como a extração de petróleo, gás e mineração podem desencadear sismos induzidos, especialmente em áreas já vulneráveis. Em Mariana (MG), tremores precederam o desastre da barragem em 2015, evidenciando a necessidade de monitoramento constante dessas regiões.

Curitiba, no Paraná, é a única capital brasileira situada sobre uma falha geológica. Embora não registre grandes terremotos, cidades no entorno, como São Jerônimo da Serra, já sentiram tremores significativos, como o de 5,1 na escala Richter em 2017. Pesquisas indicam que, entre 2006 e 2019, sete terremotos de maior magnitude ocorreram no estado.

No litoral paulista, a falha de Cubatão integra um sistema com mais de 2 mil km de extensão. Apesar do tamanho e da proximidade com áreas industriais, o risco de terremotos intensos ali é considerado baixo, pois a estrutura esteve ativa há milhares de anos.

No cenário nacional, a frequência de abalos de magnitude 4 é de aproximadamente dois por ano, segundo dados da USP. Tremores de magnitude 5 ocorrem, em média, a cada cinco anos, enquanto no Chile eventos desse porte são registrados semanalmente. Em geral, terremotos mais severos são raríssimos no Brasil.

O que é a escala Richter

A escala Richter, utilizada para mensurar terremotos, é exponencial: cada grau representa uma liberação de energia dez vezes maior do que o anterior. Tremores abaixo de 3,5 geralmente não são sentidos; entre 3,5 e 5,4, podem ser percebidos pela população, mas dificilmente causam danos. Apenas a partir de 6,1 é que se observa potencial destrutivo relevante — algo incomum no Brasil.

Embora não seja possível prever com exatidão quando ou onde um terremoto irá ocorrer, o monitoramento contínuo, o investimento em ciência e tecnologia e a atualização de mapas de risco são considerados essenciais para minimizar riscos e orientar políticas públicas, especialmente em regiões vulneráveis.

Construções mais resistentes e normas rígidas são realidade em países sujeitos a terremotos intensos, como Japão e Estados Unidos. No Brasil, a principal estratégia é o acompanhamento científico, já que o custo de adaptar edificações para padrões internacionais de resistência sísmica seria alto e pouco justificável diante do baixo risco.

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