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África ainda tem milhares de crianças-soldado, alerta ONG

Em 2012 a ONU contabilizou o recrutamento de 3.159 novas crianças em 12 países, enquanto em 2017 esse número chegou a 8.185 em 15 países

Internacional|Da EFE

Em vários países há a prática de usar crianças como soldados
Em vários países há a prática de usar crianças como soldados

Dezenas de milhares de crianças são obrigadas a atuar como soldados em pelo menos sete países da África subsaariana, alertou nesta terça-feira a ONG Child Soldiers International no Dia Internacional Contra o Uso de Crianças-soldado.

"Os contínuos conflitos na Somália, no Sudão do Sul, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana e em outros países fazem com que as crianças estejam cada vez mais expostas ao recrutamento. Meninos e meninas são usados habitualmente como combatentes e em postos de controle, como informantes, saqueadores de aldeias ou escravos domésticos e sexuais", afirmou a ONG, que combate o uso de menores como soldados no mundo, em comunicado.

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O relatório mais recente da Organização das Nações Unidas sobre crianças e conflitos armados publicado em 2018 — com números de 2017 — aponta o uso de menores na função de soldado em países africanos como República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Mali, Somália, Sudão, Sudão do Sul e Nigéria.

Nesse continente cresceu em 2017 o número de crianças recrutadas pelo Al-Shabaab (2.127) na Somália e pelo menos 203 foram usados como suicidas pelo grupo jihadista Boko Haram em Camarões e na Nigéria no mesmo ano, de acordo com o relatório da ONU analisado pela Child Soldiers International. Já no Sudão do Sul, pelo menos 1.221 foram recrutadas em 2017, totalizando cerca de 19 mil menores participantes de um conflito que assola o país mais jovem da África desde o fim de 2013.


Na República Centro-Africana foram verificados 14 mil recrutamentos desde que o conflito começou, há seis anos, até meados de 2018. Além disso, mais de 3 mil casos foram reportados na República Democrática do Congo em 2017, segundo o Unicef, para várias milícias ativas no nordeste do país, como a Bana Mura e a Kamuina Nsapu.

Em números gerais, em 2012 a ONU contabilizou o recrutamento de 3.159 novas crianças em 12 países, enquanto em 2017 esse número chegou a 8.185 em 15 países, um aumento de 159%, conforme ressaltou a Child Soldiers International. No total, segundo a ONG, o número de recrutamentos com base nos relatórios publicados de 2013 a 2018 foi de 29.128 em 17 países, mas a metade dos casos ocorreu fora da África em nações como Síria, Iraque e Colômbia.


"Estas estatísticas são impactantes e, provavelmente, só mostram a superfície da verdadeira escala da exploração infantil por parte de atores armados de todo o mundo. É fundamental o mundo não fazer vista grossa para este abuso contínuo e que os recursos locais e internacionais se ampliem e se combinem para enfrentar o problema de forma mais efetiva ", advertiu a diretora da Child Soldiers International, Isabelle Guitard.

No mundo todo, mais de 240 milhões de menores de idade vivem atualmente em zonas de guerra; muitos deles em contextos de violência, deslocamento, fome e exploração por parte de grupos armados.

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