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Análise: Rússia quer tomar o controle total da Ucrânia

Vladimir Putin, presidente russo, quer o controle total da ex-república da União Soviética

Internacional|Odair Braz Junior, do R7

Putin sempre considerou a Ucrânia como uma extensão do território russo
Putin sempre considerou a Ucrânia como uma extensão do território russo

O ataque maciço do Exército russo ao território ucraniano deixa claro que Putin quer o controle do país vizinho.

O presidente russo promoveu centenas de ataques simultâneos ao território ucraniano em vez de se concentrar apenas na região de Donbass, que abriga Lugansk e Donetsk, repúblicas separatistas russas que Putin reconheceu como independentes na segunda-feira (21). Tudo levava a crer que a Rússia entraria com suas tropas nessas duas repúblicas e já havia até uma certa resignação por parte da comunidade internacional em relação a isso. Todos já davam essas regiões como perdidas, e isso era julgado, meio que subliminarmente, como “dos males o menor”. Muito embora Volodmir Zelenski tenha pedido ajuda do Ocidente para que esses dois territórios não fossem tomados por Putin. Em pronunciamento na TV, Zelenski exigiu um "apoio claro" do Ocidente e assegurou que a Ucrânia não tem "medo de nada nem de ninguém". Bem, não adiantou absolutamente nada. Houve o anúncio de algumas sanções, mas não passou disso.

Ao mesmo tempo em que reconhecia as duas repúblicas, o presidente russo colocava seu Exército em vários pontos da fronteira com a Ucrânia. Putin pôs seus soldados em Belarus, país aliado à Rússia e que faz fronteira com a Ucrânia pelo norte. Também cercou os ucranianos pelo sul — via Crimeia — e pela Moldávia.

Vladimir Putin jogou muito bem estrategicamente falando. Mostrou várias vezes uma posição ambígua, ora ele dizia que iria negociar, ora que iria invadir Donbass e assim foi até o momento em que endureceu e afirmou que suas demandas em relação à Ucrânia eram inegociáveis. Ou seja, não iria permitir a entrada do país na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e não cederia as duas repúblicas separatistas. Pouco depois disso, deflagrou o ataque na madrugada desta quinta-feira (horário de Brasília).


Se Putin quisesse mesmo ficar apenas com Lugansk e Donetsk, não precisaria ter armado um ataque tão gigantesco como fez. A ofensiva russa se espalhou por diversas regiões ucranianas, inclusive a capital, Kiev. Putin exige a rendição de Kiev e quer já determinar o momento em que negociará com o governo ucraniano os termos para isso acontecer.

Para invadir o vizinho, Putin usou espertamente o pretexto da entrada da Ucrânia na Otan. Essa vontade do governo ucraniano vem sendo manifestada há algum tempo, mas tem um porém: a Otan não pode aceitar o país europeu como membro, uma vez que a Ucrânia é um país em conflito. A aliança ocidental não permite a entrada de um novo integrante nessas condições porque herdaria automaticamente uma encrenca que não é dela.


O que aconteceu, em 2008, foi uma proposta de adesão oferecida pela Otan à Ucrânia, mas que foi algo bem vago, sem especificar datas nem condições. Não havia, assim, uma iminente entrada dos ucranianos na aliança do Ocidente. A Ucrânia não estava (e não está) prestes a se filiar à organização liderada pelos EUA. O que há é apenas uma intenção do governo de Volodmir Zelenski, o que Putin não aceita de jeito nenhum porque veria seu país “cercado” pelos EUA e seus parceiros. Outras ex-repúblicas soviéticas como Letônia, Estônia, Lituânia e Albânia já fazem parte da Otan, e Putin não causou nenhum tipo de problema em relação a isso. Mas com a Ucrânia a história é diferente. O presidente russo acredita que a Ucrânia sempre foi parte da Rússia, que há laços culturais e sociais ligando os dois países. Putin vê o vizinho como uma extensão de seu próprio país. Tanto é que não é de hoje seu desejo de conquistar o território ucraniano. Em 2014 ele conseguiu parte disso com a invasão da Crimeia, região da Ucrânia.

Putin realmente usou a questão Otan-Ucrânia como uma desculpa, um pretexto para primeiro reconhecer as duas repúblicas como independentes e, depois, para promover a invasão propriamente dita do país vizinho. O que o presidente russo deseja, do fundo de seu coração, é comandar o território ucraniano. Só falta saber se ele vai anexar o país à Rússia ou se colocará um presidente alinhado com seus interesses e que faça o país jogar junto.

E a Otan nem pode fazer nada em relação a isso, militarmente falando, já que a Ucrânia não é parte do bloco. Restam apenas as sanções internacionais neste momento.

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