Apoio a independência da Catalunha caiu, indica pesquisa
Políticos catalães que conduziram o referendo do ano passado já admitiram que a independência da região não vai acontecer
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
O apoio à independência da Catalunha caiu entre os moradores da região, passados 4 meses do plesbicito sobre a independência e da intervenção do governo espanhol que aconteceu em seguida.
Uma pesquisa feita pelo CEO (Centro de Estudos de Opinião) da Catalunha mostra que o suporte à causa independista, que era 48,7% em outubro, quando um referendo sobre a independência foi votado, agora é de apenas 40,8%.
Este é o índice mais baixo desde dezembro de 2014.
Em contrapartida, 53,9% da população catalã afirmou não desejar a separação da Espanha.
Segundo Demetrius Pereira, professor de Relações Internacionais da ESPM, essa queda no apoio à independência da Catalunha se dá por conta da estratégia adotada pela coligação que venceu as eleições parlamentares, a mesma que defendia a independência unilateral, de voltar atrás no assunto.
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"O Puigdemont, que foi eleito o novo presidente e que era o presidente retirado pelo governo espanhol, reconheceu que o processo de independência acabou e eu acredito que isso tenha influenciado a população", comenta Pereira.
Quando perguntados “o que a Catalunha deveria ser”, 36,3% dos entrevistados responderam que “uma comunidade autônoma”, o status que a região mantinha antes de outrubro do ano passado. Os que acreditam que a Catalunha deva ser um Estado independente da Espanha são 32,9% dos catalães e 19,4% pedem para que a Catalunha se torne um Estado dentro de uma Espanha federativa.
A pesquisa foi realizada em 4 cidades da Catalunha, entre os dias 10 e 30 de janeiro e teve 1200 entrevistados acima de 18 anos.
Crise na Catalunha
A crise política catalã teve início quando o governo independista que havia sido eleito convocou um referendo para consultar a população se a Catalunha deveria ser um Estado independente em forma de república.
A consulta popular aconteceu em outubro do ano passado, mas foi considerada ilegal. O comparecimento nas urnas foi de apenas 42% da população apta a votar, mas desses 90% votaram pela separação entre Catalunha e Espanha.
O governo espanhol que era contra o plebiscito autorizou uma intervenção no governo da Catalunha e o presidente catalão Carles Puidgemont foi acusado de traição e fugiu do país.
Naquele momento, a Catalunha representava 19% do PIB espanhol.
"Acredito que a Catalunha tenha sofrido bastante com essa crise política, especialmente porque várias empresas se retiraram da região e a recuperação não deve ser tão rápida", diz Demétrio Pereira, da ESPM.
Após a intervenção federal, o governo espanhol convocou novas eleições que aconteceram em dezembro de 2017 e foi eleita pela mesma coligação.
O governo catalão desistiu da independência. Porém, a Justiça espanhola manteve os pedidos de prisão contra os líderes do movimento independentista, o que ainda gera incertezas na região já que os parlamentares catalães insistem que Puigdemont deve seguir como presidente da Catalunha.