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Assassinato de políticos é novidade na história recente do Equador

Villavicencio foi o primeiro candidato à Presidência a ser morto no país, embora a violência política seja um mal comum na região

Internacional|Sofia Pilagallo, do R7

Uma ciclista pendura um cartaz contra a violência do narcotráfico nas grades de um complexo esportivo em Quito
Uma ciclista pendura um cartaz contra a violência do narcotráfico nas grades de um complexo esportivo em Quito Uma ciclista pendura um cartaz contra a violência do narcotráfico nas grades de um complexo esportivo em Quito

A morte do candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio é uma triste novidade para o país. Apesar de atentados contra autoridades serem um mal histórico na América Latina, este é o primeiro caso de assassinato de um candidato à Presidência da República da história recente equatoriana, afirmam especialistas ouvidos pelo R7. Esses crimes não surgiram da noite para o dia: eles são consequência de problemas econômicos e de uma piora da segurança pública que, antes de chegar à classe política, é vivenciada pela população em geral.

O professor de direito e ciência política Alexandre Walmott Borges, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especialista em política da América Latina, explica que "a economia do Equador é fortemente dependente de exportação de commodities, principalmente petróleo, minério e banana, que decaíram muito em sua produção na última década, levando a uma crise". Depois, a pandemia de Covid agravou a situação econômica do país. A pobreza e a insatisfação popular levaram a um aumento das milícias e do narcotráfico.

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Esse é o caso da facção criminosa Los Lobos, a segunda maior do Equador, que teria reivindicado a autoria do assassinato de Villavivencio — as autoridades locais, no entanto, ainda não confirmaram o envolvimento do grupo. Na quarta-feira (9), um vídeo atribuído à organização revela a suposta motivação do crime.

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"Toda vez que políticos corruptos não cumprirem suas promessas quando receberem nosso dinheiro, que é de milhões de dólares, para financiar sua campanha, serão dispensados", afirmou a facção. "Você também, Jan Topic, mantenha sua palavra. Se você não cumprir suas promessas, você será o próximo", acrescentou o grupo, dirigindo-se a outro candidato.

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Outro fator para o aumento da violência é a deterioração das estruturas de segurança pública, ressalta Lucas Mondin Scherer, mestre em direito de relações internacionais e integração da América Latina. Ele explica que "os sistemas prisionais fomentaram facções criminosas e puseram o Equador na rota do narcotráfico. Atualmente, o país é protagonista no refino de drogas, principalmente de cocaína".

De país seguro a líder em violência

Há cinco anos, o Equador estava entre os países mais seguros da América Latina. Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup, a maioria de sua população se sentia segura (52%) para andar sozinha à noite. Atualmente, a nação é classificada como a menos segura da região. Em 2022, quase dois em cada três (64%) equatorianos entrevistados disseram que não se sentem seguros ao andar sozinhos à noite onde moram, enquanto apenas 35% disseram que sim.

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O Equador desbancou a Venezuela no ranking, país considerado o menos seguro da América Latina — e frequentemente do mundo — na maioria dos anos em que o estudo foi realizado. A segurança venezuelana melhorou ligeiramente em 2022, com 53% se sentindo inseguros ao andar sozinhos à noite, índice abaixo dos 67% registrados no ano anterior.

Da Colômbia ao Brasil

Vários políticos que concorriam à Presidência de seu país foram alvo de atentados na América Latina nas últimas décadas. Alguns deles sobreviveram. Outros, não.

Em 18 de agosto de 1989, o então candidato à Presidência da Colômbia Luis Carlos Galán, filiado ao Partido Liberal Colombiano (PLC), foi morto ao ser atingido por uma rajada de tiros. Ele foi assassinado por homens ligados a Pablo Escobar, conhecido como o senhor do narcotráfico no país.

Anos depois, em 1994, o México também foi palco de violência política, com o brutal assassinato de Luis Donaldo Colosio no dia 23 de março daquele ano, em meio a uma multidão que o acompanhava no comício. Embora o atirador, Mario Aburto, tenha sido condenado a 42 anos de prisão, os mandantes do crime nunca foram descobertos.

Mais recentemente, outros atentados contra políticos da América Latina, incluindo do Brasil, ganharam destaque nos noticiários. Em 6 de setembro de 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro, então candidato à Presidência pelo PSL, levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele era carregado nos ombros quando Adélio Bispo, homem considerado pela Justiça brasileira como inimputável por transtorno mental, o feriu na barriga.

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