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Atendente morre em call center e funcionários continuam trabalhando ao lado do corpo

Alguns empregados receberam a orientação de que prestavam um 'serviço essencial' e, por isso, não deveriam deixar o posto

Internacional|Larissa Crippa*, do R7

Os colegas de Inma fizeram um memorial para a colega na cabine em que ela se sentava
Os colegas de Inma fizeram um memorial para a colega na cabine em que ela se sentava Os colegas de Inma fizeram um memorial para a colega na cabine em que ela se sentava

Inma, de 57 anos, teve um ataque cardíaco na terça-feira (13), enquanto trabalhava na empresa Konecta, multinacional espanhola de call centers. O caso aconteceu em Madri, e os funcionários acionaram o serviço de socorro, mas a mulher não resistiu.

O corpo de Inma ficou sob a custódia da polícia, ainda no chão do estabelecimento, aguardando as autoridades competentes para seguir com os procedimentos necessários. Alguns atendentes próximos, chocados e chateados com o falecimento da colega, deixaram sua estação de trabalho, mas muitos não sabiam o que fazer. Do outro lado da sala, alguns continuaram a trabalhar normalmente, sem sequer tirar os olhos da tela. 

Segundo o jornal El País, um funcionário disse que perguntou se poderia sair do local, mas foi orientado a continuar, pois os atendimentos via telefone da empresa de energia elétrica são considerados um "serviço essencial".

Ainda segundo relatos de funcionários, algumas horas depois, a responsável pela segurança do trabalho da Konecta finalmente ordenou a todos que evacuassem o local.

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Mesmo com a liberação, Miguel Ángel Salinas, delegado de segurança do trabalho da CGT (uma espécie de sindicato dos trabalhadores), chegou ao escritório e encontrou uma cena que descreveu como "aterrorizante". Quase três horas após a morte, ainda havia quatro funcionários em seus postos, atendendo chamadas.

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A situação causou comoção nas redes sociais, pela suposta insensibilidade da companhia. No fim de semana, as notícias sugeriam que os responsáveis pela empresa de call center haviam dado a ordem geral para que todos continuassem em seus postos de trabalho.

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Mas, de acordo com a reportagem do El País, alguns trabalhadores afirmaram que isso era "mentira", algo que sugeriria uma crueldade que eles não haviam experimentado.

Um porta-voz da Konecta negou ao jornal que a situação tenha sido essa. "Ninguém foi forçado a trabalhar ao lado do cadáver", declarou. Ele acrescentou que a empresa está determinada em atender os familiares da falecida, que estariam "sofrendo com o alarde da mídia”.

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“Nós cuidamos muito bem das pessoas que trabalham para nós. Eles são cuidados e valorizados", afirmou a fonte.

Porém, os colegas de Inma, que não quiserem se identificar, relataram à imprensa que o local, que conta com cerca de 70 cabines, é muito estressante.

Além da dificuldade de lidar com os clientes, muitas vezes agressivos, as pausas dos funcionários são controladas minuto a minuto, e, segundo vários relatos, os supervisores vigiam constantemente os operadores para que não diminuam o ritmo de trabalho.

Inma trabalhava na Konecta havia mais de 15 anos, e ainda não se sabem as causas exatas do ataque cardíaco. A empresa alega não ter conhecimento de problemas de estresse da funcionária, pois os exames médicos realizados pela companhia teriam enfatizado riscos físicos à coluna, à audição ou à garganta, mas não à saúde mental.

*Sob supervisão de Fabíola Glenia

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