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Avenida no centro de Lisboa reúne cartazes com críticas ao evento que vai receber o Papa

A falta de habitação digna e os abusos sexuais na Igreja Católica são alguns dos assuntos trazidos à tona pelos portugueses

Internacional|Do R7

Imagem mostra a avenida Almirante Reis, no centro da capital, Lisboa
Imagem mostra a avenida Almirante Reis, no centro da capital, Lisboa

A avenida Almirante Reis, no centro de Lisboa, capital de Portugal, se transformou, no último fim de semana, em uma espécie de "rua da contestação", onde cartazes e frases pintadas nas paredes expressam o desagrado para com a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), informou o jornal português Publico. O evento tem início nesta terça-feira (1º) e término no domingo (6).

A falta de habitação digna, os abusos sexuais na Igreja Católica e até a construção dos confessionários da JMJ, feita por reclusos de estabelecimentos prisionais, são alguns dos assuntos trazidos à tona nas frases escritas por portugueses insatisfeitos. A avenida foi dominada por frases como "+ casas; - papa" e "Livrai-nos dos pobres, amém!" (assista ao vídeo abaixo).

Na opinião dos populares, o problema da habitação deveria ser uma prioridade maior do que o evento, que já custou aos cofres públicos mais de 38 milhões de euros, o equivalente a R$ 200 milhões, para garantir a estrutura necessária para os cinco dias de programação. A Prefeitura de Lisboa deverá desembolsar valor semelhante.

Ao Publico, o português Manuel Castillo, de 93 anos, afirmou ser "não ter nada contra o papa nem contra qualquer religião", mas acredita que, "em nome do papa, se gasta demasiado dinheiro, que deveria ser usado em benefício da população".


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Questionado se a JMJ dará notoriedade a Portugal, o idoso não tem dúvidas de que "é provável que também contribua para isso", mas "entre notoriedade ou o bem-estar das pessoas e a satisfação das suas necessidades vai uma diferença muito grande".

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João Carvalho, de 26 anos, partilha da mesma opinião. Para ele, há “outras prioridades” para o governo, como jovens que estão sendo despejados de suas casas, "que não têm condições de trabalho e não conseguem pagar o valor de uma casa".


Retirada de moradores de rua

No último dia 12 de julho, a avenida Almirante Reis foi palco de uma ação da Câmara de Lisboa (CML) que causou revolta na população. Um vídeo que circula na internet mostra funcionários da CML lavando a calçada de uma avenida onde habitavam vários sem-teto e retirando as barracas deles do local (assista ao vídeo abaixo). Usuários das redes sociais acusaram o município de fazer uma "limpeza" da população de rua.

Ao portal local Sapo24, a vereadora Sofia Athayde, responsável pelo Plano Municipal para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo de Lisboa, afirmou que rejeita a acusação feita ao município e explicou que a operação estava integrada ao plano de ação municipal para combater o problema da falta de moradia.

Ela esclareceu que a equipe social do município realiza regularmente visitas aos sem-teto com o objetivo de higienizar a via pública e encaminhar pessoas nessa situação para os serviços sociais.

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