Bolívia militariza 3 cidades após série de protestos
Medida foi confirmada pelo ministro da Presidência para conter manifestantes apoiadores do ex-presidente Evo Morales e "fortalecer a segurança do país"
Internacional|Da Ansa Brasil
O governo interino da Bolívia ordenou nesta segunda-feira (10) a militarização de pelo menos três grandes cidades - La Paz, Cochabamba e Santa Cruz - na tentativa de encerrar os bloqueios nas estradas realizados por grupos opositores.
A medida foi confirmada pelo ministro da Presidência, Yerko Núñez, após a presidente interina Jeanine Añez anunciar as "ações para fortalecer a segurança do país".
"Hoje, as cidades de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz acordaram militarizadas, para garantir aos bolivianos, antes de mais nada, a vida e depois a liberdade de movimento", declarou Núñez.
Nos últimos dias, a Confederação dos Trabalhadores Bolivianos (Cob) e militantes apoiadores do ex-presidente Evo Morales (2006-2019) formaram várias barricadas nas estradas para exigir que as eleições sejam realizadas no próximo dia 6 de setembro.
Os atos tiveram início depois que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu adiar a votação para 18 de outubro, o que foi contestado pelos manifestantes.
Segundo o ministro da Presidência, a militarização foi necessária porque os bloqueios já causaram graves danos e impediram a chegada de oxigênio para hospitais. Às manifestações também se juntaram ao movimento camponês indígena que agora exige a renúncia da presidente interina.
Em seu discurso, Núñez não descartou o uso da força e acrescentou que o objetivo dos protestos é convulsionar o país e provocar um confronto entre os bolivianos.
A mudança na data das eleições por diversas vezes ocorre depois que o pleito foi cancelado em outubro passado, quando Morales se proclamou vencedor no primeiro turno.
De acordo com o governo interino, a prorrogação tem sido motivada em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A oposição, no entanto, alega que isso é uma forma de tentarem prolongar a permanência no poder.
Na semana passada, Morales, inclusive, denunciou que um "golpe de Estado" está em curso para instalar um governo civil-militar na Bolívia.