Borisov, o antigo guarda-costas que quer voltar a ser primeiro-ministro

Vladislav Púnchev Sófia, 12 mai (EFE).- O ex-primeiro-ministro búlgaro, o populista Boiko Borisov, desponta como vencedor das eleições legislativas na Bulgária, apenas três meses depois de renunciar ao cargo após protestos no país considerado o mais pobre da União Europeia (UE). Segundo todas as pesquisas de boca de urna, a formação de Borisov, a conservadora e populista Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB) alcançou cerca de 30% dos votos no pleito antecipado, entre três e seis pontos na frente do Partido Socialista. O apoio a este carismático dirigente, um antigo guarda-costas e carateca apelidado de "Batman", minguou desde 2009, quando conquistou o poder com 39% dos votos, mas continua sendo o político mais popular do país. Borisov, de 53 anos de idade, abandonou o poder depois da onda de protestos que sacudiram o país entre janeiro e fevereiro pelo mal-estar perante o baixo nível de vida, o alto custo da energia em pleno inverno e a corrupção política. O que fora guarda-costas do antigo ditador comunista Todor Zhivkov renunciou cinco meses antes do fim da legislatura dizendo que não queria dirigir um Governo que estivesse manchado de sangue, depois que os choques violentos entre a polícia e os manifestantes em Sófia deixaram vários feridos. Os analistas viram nessa renúncia uma astuta manobra para encurtar a legislatura e não sofrer cinco meses adicionais de desgaste pelos protestos na rua. As medidas de austeridade aplicadas por Borisov para melhorar os números macroeconômicas da Bulgária se chocaram com uma população que já passava por dificuldades, com o salário médio situado em 350 euros e com as pensões abaixo dos 100 euros. Além disso, a não luta contra a corrupção, uma das bandeiras de Borisov quando chegou ao poder em 2009, provocou a revolta dos cidadãos. Os conservadores se viram envolvidos em um escândalo nos últimos meses após a revelação de uma série de escutas ilegais ordenadas pelo Ministério do Interior contra políticos, empresários e jornalistas. No final de abril, foi filtrada uma gravação na qual é possível ouvir Borisov discutir sobre como subornar os meios de imprensa e como manipular uma investigação sobre a corrupção. Além disso, também são escutados comentários ofensivos sobre a orientação sexual de alguns magistrados e jornalistas. Nascido em 1959 em um subúrbio da capital, Borisov nunca teve problemas em empregar uma linguagem direta que lhe rendeu uma imagem de homem honesto, comunicativo e trabalhador. Antigo bombeiro e policial, Borisov também foi guarda-costas do ex-rei Simeão da Bulgária, assim como prefeito de Sófia entre 2005 e 2009. Com Simeão da Bulgária começou sua ascensão no mundo político, quando o nomeou para um alto cargo no Ministério do Interior em 2001, no Governo de coalizão de centro-direita que liderou o antigo monarca. Conhecido popularmente pelo apelido de "Batman", sempre negou as conexões com o mundo da malandragem e do narcotráfico que eram atribuídas a ele, ao mesmo tempo em que se mostrou inalterável frente às escutas telefônicas que colocariam em xeque sua honestidade. Com orgulho destaca como uma de suas maiores conquistas ter conseguido que a Bulgária recebesse os fundos europeus congelados durante o Governo antecessor e que permitiram investir em projetos de infraestruturas. Borisov considera que uma das grandes conquistas de seu governo são as obras para modernizar as infraestruturas no país nos últimos anos. E já prometeu que se ganhar as eleições, continuará construindo "estradas, museus, igrejas e parques", e que, além disso, manterá a estabilidade econômica e a disciplina na despesa. EFE vp-ll/ff