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Camboja não esquece início do terror do Khmer Vermelho há 40 anos

Regime causou a morte de 1,7 milhão de pessoas

Internacional|

Nuon Chea, ex-integrante do Khmer Vermelho
Nuon Chea, ex-integrante do Khmer Vermelho Nuon Chea, ex-integrante do Khmer Vermelho

O Camboja lembrou nesta sexta-feira (17) a entrada em Phnom Penh há 40 anos das tropas do Khmer Vermelho, que pôs fim a cinco anos de guerra civil, mas iniciou outros três de um regime de terror que causou 1,7 milhão de mortes.

Diante de um monumento funerário com as caveiras e ossos de dezenas de vítimas, centenas de pessoas acenderam incenso e rezaram em uma cerimônia em Choueng Ek, um dos campos da morte do Khmer Vermelho.

Nos dias anteriores ao aniversário, foram realizadas cerimônias em vários pontos do país, enquanto diversas organizações culturais iniciaram uma série de atos para conscientizar sobre a importância da transmissão da memória histórica.

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"A campanha tem uma importância excepcional para os cambojanos, embora muitos não queiram lembrar o que aconteceu durante esses anos", disse à Agência Efe Kazumi Arai, chefe de comunicação do centro audiovisual Bophana, uma das entidades organizadoras dos atos.

A queda de Phnom Penh, que representou o fim do governo republicano do general Lon Nol apoiado pelos Estados Unidos, foi seguida pela ordem de evacuação de todos os moradores da cidade e de outras zonas urbanas do país em direção aos campos de trabalho.

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"Phnom Penh era uma cidade fantasma, a população inteira viajava a pé pelas estradas, alguns empurrando carros carregados com comida, outros malas enormes e outros carregavam bebês enquanto os demais filhos os seguiam. O povo já sofria", relatou Nong Sokhorn, um dos sobreviventes documentados.

O padre François Ponchaud, um dos últimos estrangeiros a abandonar o país, assegurou à Efe que "nunca se perdoará" por não ter amparado os doentes que os khmeres vermelhos jogaram dos hospitais, embora isso "teria significado sua morte".

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O Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, tentou impor no país uma utopia agrária, na qual aboliu a moeda, a religião e tratou como inimigos qualquer um que não fosse camponês, incluindo intelectuais e artistas.

A desconfiança e lutas internas nas fileiras do partido provocaram vários expurgos políticos que afetaram os altos comandantes e transferiram a paranoia para os campos de extermínio, onde famílias inteiras eram executadas após serem torturadas para que confessassem seus delitos.

"Detiveram meu marido (por querer esconder um peixe). Então lhe enviaram à prisão de Orang Ouv, não sei o que lhe aconteceu ali, mas quando me voltei a encontrar com ele tinha se transformado em um psicopata", contou Mao Bin, sobrevivente de 65 anos, em seu testemunho para os "Atos da Memória".

O regime foi derrubado em 1979 pelo Exército vietnamita, mas o Khmer Vermelho se refugiou na selva da fronteira com a Tailândia, de onde enfrentou o governo instalado por Hanói até que o grupo maoísta foi dissolvido em 1998, ano em que morreu Pol Pot.

Desde 2006, um tribunal apoiado pela ONU julga no Camboja os últimos dirigentes vivos do Khmer Vermelho contra os quais até o momento emitiu três penas de prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

Os condenados são o ex-número dois da organização Nuon Chea, de 88 anos; o ex-chefe de Estado Khieu Samphan, de 83, e Keing Guek Eav, conhecido como Duch, ex-diretor da maior prisão do período do Khmer Vermelho e centro de torturas: S-21.

O tribunal internacional denunciou em várias ocasiões intromissões políticas, já que muitos dos membros do governante Partido do Povo do Camboja integraram as fileiras do Khmer Vermelho, entre eles o atual primeiro-ministro, Hun Sen, que desertou e voltou ao país com as tropas vietnamitas em 1979.

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