Cesare Battisti admite participação em 4 assassinatos na Itália
Extraditado do Brasil em janeiro, ele confessou a promotor a responsabilidade pelas mortes quando era membro de grupo armado italiano
Internacional|Cristina Charão, do R7, com Ansa Brasil
Cesare Battisti, ex-integrante do grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e extraditado pelo Brasil para a Itália em janeiro, admitiu pela primeira vez sua participação nos quatro homicídios pelos quais foi condenado à prisão perpétua.
De acordo com a imprensa italiana, Battisti declarou-se culpado ao ao procurador Alberto Nobili, chefe do antiterrorismo em Milão, que coordena o inquérito que investiga as supostas ajudas recebidas pelo ex-terrorista em seu período de fuga
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"Percebo o mal que causei e peço desculpas às famílias das vítimas", disse Battisti ao procurador.
A confissão foi feita no último fim de semana, na penitenciária da Sardenha onde ele cumpre pena de prisão perpétua.
Nobili afirmou à imprensa italiana que o depoimento de Battisti confirma tudo o que constava nas acusações que levaram a Itália a decretar a prisão perpétua: "os 4 assassinatos, os 3 feridos e uma enxurrada de roubos e roubos para autofinanciamento, tudo é verdade".
Ainda segundo Nobili, o ex-terrorista também explicou: "Eu falo das minhas responsabilidades, não vou nomear ninguém".
"Battisti admitiu ter participado diretamente dos quatro homicídios, sendo que foi o executor material em dois deles", reforçou Francesco Greco, chefe do Ministério Público de Milão.
Os crimes
Cesare Battisti foi condenado na Itália por terrorismo e participação em quatro assassinatos cometidos na década de 1970, período marcado por uma intensa violência política e conhecido como "Anos de Chumbo".
A primeira vítima foi Antonio Santoro, um marechal da polícia penitenciária de 52 anos. Ele vivia uma vida tranquila com a mulher e três filhos em Údine, mas, em 6 de junho de 1978, foi morto pelo PAC.
Segundo os investigadores, os assassinos o esperaram na saída da prisão e o balearam. A Justiça diz que Battisti e uma cúmplice foram os autores dos disparos, e os dois teriam trocado falsas carícias até o momento do atentado.
Em 16 de fevereiro de 1979, o grupo fez uma ação dupla, assassinando o joalheiro Pierluigi Torregiani, em Milão, e o açougueiro Lino Sabbadin, em Mestre, parte de Veneza que fica em terra firme. Tanto Torregiani quanto Sabbadin haviam matado ladrões a tiros em tentativas de roubo, e os atentados teriam sido uma vingança.
O açougueiro também era militante do partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI). "A admissão é um passo adiante, uma confirmação de sua culpa. Espero que ele não tenha admitido os homicídios por outros motivos, talvez para obter uma indulgência que ele não merece", disse à ANSA Adriano Sabbadin, filho de Lino Sabbadin. Ele reconheceu que não esperava a confissão.
A quarta vítima foi o policial Andrea Campagna, morto a sangue frio em 19 de abril de 1979, em Milão.
Battisti foi condenado a revelia e passou quase 40 anos foragido. Boa parte desse período foi vivido no Brasil.