Chilena morre sem saber destino de família desaparecida na ditadura
Ana González, dona de casa e filha de um ferroviário, perdeu marido, filhos e nora durante o regime de Pinochet e se tornou ativista
Internacional|Do R7
Uma chilena que conquistou renome mundial por sua batalha pública para encontrar seu marido, filhos e nora grávida depois que eles desapareceram durante a ditadura Pinochet morreu com 93 anos sem nunca saber que destino tiveram.
Chile enfrentou fantasmas da ditadura, mas outros perduram
Ana González, dona de casa e filha de um ferroviário do norte do Chile, perdeu o marido, Manuel Recabarren, dois dos filhos, Luis Emilio e Manuel Guillermo, e a nora, Nalvia Mena. Todos eles desapareceram em Santiago em abril de 1976 com 24 horas de intervalo entre si.
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Ela ajudou a fundar a Associação de Famílias do Detidos-Desaparecidos (AFDD) e liderou greves de fome, protestos e ocupações que muitas vezes foram interrompidos violentamente pelas forças de segurança do regime.
Ela viajou à Europa e aos Estados Unidos para discursar na Organização das Nações Unidas (ONU), na Organização dos Estados Americanos (OEA), na Anistia Internacional e no Vaticano a respeito dos abusos de direitos humanos no Chile.
Michelle Bachelet, ex-presidente chilena que assumiu recentemente como chefe de direitos humanos da ONU e foi ela mesma torturada pelo regime, prestou homenagem à "coragem imensa e à defesa incansável dos direitos humanos e da justiça" de Ana em uma mensagem publicada em uma rede social.
Ana morreu em um hospital de Santiago após passar anos com a saúde fragilizada.
Mais de 3 mil pessoas foram mortas ou "desapareceram" durante o governo de Pinochet, entre 1973 e 1990, e cerca de 28 mil foram torturadas.
Augusto Pinochet morreu em 2006 sem nunca enfrentar um julgamento por crimes de direitos humanos. As autoridades do Chile continuam buscando os restos mortais dos desaparecidos.
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