Quatro cidadãos canadenses foram executados na China no início deste ano por acusações relacionadas a crimes de drogas, disseram autoridades do Canadá nesta quinta-feira (20). As execuções, todas de pessoas com dupla cidadania, intensificaram as tensões já frágeis entre Ottawa e Pequim.A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, disse que acompanhou os casos “muito de perto” por meses e que, junto ao ex-primeiro-ministro Justin Trudeau, tentou impedir as execuções. “Condeno veementemente essas ações e continuaremos pedindo clemência para outros canadenses em situações semelhantes”, disse Joly na quarta-feira (19), segundo a BBC. A porta-voz do Departamento de Assuntos Globais do Canadá, Charlotte MacLeod, reforçou a posição do país. “O Canadá pediu repetidamente clemência nos mais altos níveis e segue firme em sua oposição à pena de morte em todos os casos, em todos os lugares”. A China, por sua vez, defendeu as execuções. O Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou nesta quinta-feira que agiu “de acordo com a lei”, enquanto a embaixada chinesa no Canadá declarou que havia “evidências sólidas e suficientes” dos crimes. “A China é um país de estado de direito. Quem violar nossas leis será responsabilizado”, disse a embaixada em comunicado ao jornal canadense The Globe and Mail, segundo a Al Jazeera. Pequim também pediu que o Canadá respeite sua “soberania judicial” e “pare de fazer comentários irresponsáveis”.Embora a China não reconheça dupla cidadania e mantenha uma postura rígida contra crimes de drogas, a aplicação da pena de morte a estrangeiros é considerada rara, de acordo com a BBC.Grupos de direitos humanos estimam que o país tenha uma das maiores taxas de execução do mundo, embora os números oficiais sejam mantidos em segredo. Cerca de 100 canadenses estão detidos no país asiático, muitos por crimes de drogas, segundo a imprensa local. As relações entre Canadá e China estão estremecidas desde 2018, quando Ottawa deteve a executiva da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos EUA. Em retaliação, Pequim prendeu dois canadenses, que foram liberados mais tarde.Desde então, episódios como a condenação à morte de Robert Schellenberg, em 2019, por tráfico de drogas, e alegações de interferência chinesa nas eleições canadenses, negadas por Pequim, agravaram o cenário. Recentemente, Pequim anunciou tarifas sobre produtos agrícolas canadenses depois que Ottawa taxou veículos elétricos, aço e alumínio produzidos pelo país asiático. Ambos também aplicaram taxações contra os Estados Unidos após o tarifaço de Donald Trump.