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Chuvas intensas, secas e ondas de calor deixam cientistas em alerta

Os chamados eventos climáticos extremos vêm ocorrendo com frequência e podem significar mudanças irreversíveis

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Equipes de resgate ajudam morador no centro de Xinjiang, na China
Equipes de resgate ajudam morador no centro de Xinjiang, na China Equipes de resgate ajudam morador no centro de Xinjiang, na China

Chuvas torrenciais deixaram centenas de mortos na Alemanha, na Bélgica, no Japão, na China e na Índia. Uma onda de calor matou outras dezenas de pessoas e forçou milhares a deixarem suas casas por conta de incêndios florestais nos EUA e no Canadá. Uma frente de ar frio congelou o estado norte-americano do Texas. Furacões cada vez mais frequentes e intensos no Caribe, assim como ciclones no leste da Ásia. Uma estiagem de meses no Brasil.

Leia também: Balanço de mortos nas inundações na China sobe para 51

Esses eventos climáticos extremos vêm causando prejuízos, destruição, fome, racionamento de energia elétrica e muitas mortes nos últimos meses. Para alguns cientistas, isso pode significar que o mundo está cada vez mais próximo do chamado "ponto de não-retorno", o momento em que, teoricamente, as alterações no clima da Terra serão irreversíveis.

"Eventos extremos não são novidade, eles ocorrem ao longo dos séculos, mas com registro científico, observando em tempo real, é a primeira vez. Desde que a gente começou a medir dados atmosféricos, oceânicos e outros, é a primeira vez que estamos registrando tantos deles ao vivo", explica o professor de Meteorologia da USP e membro da Câmara de Agronomia do CREA-SP, Ricardo Hallak.

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Diferenciar o que é clima, que são as condições meteorológicas históricas de um local, e tempo, que são as condições em um determinado momento é importante. "Para dizer que o clima está mudando realmente, precisa ter uma série de dados longa, estatisticamente falando precisa pegar um período de 30 anos e analisar a tendência, para ver se aumentou. Mas a frequência de eventos extremos tem aumentado nos últimos anos", explica Hallak.

O professor da USP ressalta também que muitas mudanças não estão necessariamente associadas às emissões de gases na atmosfera, mas também a como a ocupação humana vem sendo ampliada. "Conforme você vai urbanizando e mexendo no solo, muda as condições. Além disso, quando chove muito forte, as cidades não estão preparadas para receber precipitações intensas."

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O meteorologista Pedro Regoto, especialista em mudanças climáticas e consultor do site Climatempo, destaca que os casos recentes tiveram o diferencial de acontecer em países onde há estrutura para fazer a previsão de um evento climático extremo. No entanto, não foi possível preparar os locais atingidos e a população para o que aconteceu.

"Na Europa as agências locais conseguiram prever o evento, a população já estava avisada, tudo funcionou, mas foi tão catastrófico, uma chuva tão volumosa e tão rápida, que não tinha o que fazer. E na Columbia Britânica (província do Canadá), o recorde de temperatura era de cerca de 45°C e subiu para 50°C, é muita coisa de uma vez só", analisa Regoto.

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Segundo o pesquisador, os governos do mundo precisam se planejar para tentar frear o avanço antes que esses eventos se tornem rotina. "É justamente essa atenção que todo mundo tem que ter globalmente, essas quebras de recorde de calor, de frio, de chuva, uma série de coisas que impactam nas nossas vidas. O problema é que a cada ano o nosso prazo vem diminuindo. No futuro, vai ter muito evento extremo e quem vai sofrer somos nós."

Hallak destaca o impacto da mudança climática na vida das pessoas e na economia global. "Não dá para esperar que se chegue ao ponto de não retorno. Isso pode afetar muito a vida das pessoas. Se o nível do mar subir e inundar as cidades litorâneas, vai atingir não só a população, mas a produção de petróleo, os portos, muita coisa", diz ele.

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