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Cidade remota da Austrália oferece salário de quase R$ 200 mil para atrair novo médico

Julia Creek, em Queensland, enfrenta escassez de profissionais de saúde e aposta em pacote generoso, com casa e carro de graça, para substituir seu único clínico geral, que deixará o posto em breve

Internacional|Do R7


Julia Creek, uma pequena cidade de 500 habitantes no interior de Queensland, na Austrália, está em busca de um novo médico para substituir seu único clínico geral, que deixará o cargo por motivos familiares.

Para atrair um candidato, a cidade oferece um salário anual de até US$ 428 mil (cerca de R$ 2,27 milhões ou R$ 189 mil por mês), quase o dobro do que um médico ganha em média em Brisbane, capital do estado.

O salário oferecido supera até o do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que ganha US$ 408 mil anuais (R$ 2,16 milhões, aproximadamente).

O pacote inclui ainda moradia gratuita, um carro e benefícios, como cinco semanas de férias, três semanas de licença para desenvolvimento profissional e subsídios adicionais para compensar a inacessibilidade local.



Por que um salário tão alto?

A oferta, anunciada pelo Serviço de Saúde Multifuncional de McKinlay Shire, unidade de saúde pública que opera na região, tem a ver com o desespero que pequenas cidades rurais australianas têm vivido para superar a escassez de médicos.

Segundo um relatório do governo australiano de 2024, o país enfrenta um déficit de 2,5 mil clínicos gerais, uma crise que se agrava nas áreas remotas.


Julia Creek, localizada a 17 horas de carro de Brisbane e a sete horas de Townsville, a cidade grande mais próxima, não tinha um médico fixo há 15 anos antes da chegada do atual doutor, Adam Louws, em 2022.

Louws, que foi contratado por R$ 1,78 milhão anuais (cerca de R$ 148 mil por mês), disse à agência de notícias AP que a oferta de emprego chamou sua atenção na época. “Minha sogra me enviou um link dizendo: ‘o emprego de meio milhão de dólares que ninguém quer’. Eu nem sabia onde ficava Julia Creek”.


Apesar do isolamento, do calor intenso e dos insetos tropicais, o médico reconhece que a vida na região tem lá suas vantagens. “É como voltar 50 anos no tempo. Todo mundo conhece o vizinho, as crianças correm livres, todos cuidam uns dos outros”, disse ele à ABC.

A cidade é um retrato do interior australiano, com vastos espaços abertos e um hospital-dia, que só oferece cuidados básicos e emergenciais, sem atender os casos que exigem internação. Antes de Louws, os moradores precisavam viajar três horas até Richmond para atendimento médico, segundo a imprensa local.

“No meu primeiro dia, tive que lidar com uma emergência e aprender rápido como transferir um paciente. Mas a pressão é bem menor do que imaginam. Não tenho chamadas às 2 da manhã”, diz Louws.

A prefeita de McKinlay Shire, Janene Fegan, reconhece os desafios da distância, mas promove o estilo de vida local como um atrativo. “Temos um modo de vida seguro e tranquilo. Sim, há distâncias a percorrer, mas quantas pessoas hoje não sonham em escapar e viver off-grid?”, disse à AP. “Você não precisa ficar para sempre. Só tente”.

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