Cientistas usam porcos para localizar vítimas desaparecidas dos cartéis do México; entenda
Pesquisadores enterram suínos com roupas e utilizam drones e câmeras hiperespectrais para localizar sepulturas clandestinas
Internacional|Do R7
RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

No México, cientistas estão usando uma estratégia pouco convencional para encontrar sepulturas clandestinas de pessoas que foram vítimas dos cartéis de drogas do país: porcos enterrados.
O país tem mais de 130 mil pessoas desaparecidas, um número que cresceu significativamente desde 2006, quando o governo federal intensificou o combate ao narcotráfico.
Muitas dessas vítimas são escondidas em valas secretas criadas pelos cartéis, que contam com a impunidade para agir. Desde 2007, cerca de 6.000 sepulturas clandestinas foram encontradas, mas muitos restos mortais continuam sem identificação.
Leia mais
Os porcos são usados porque são muito parecidos com humanos. Segundo a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, eles compartilham cerca de 98% do DNA humano e têm corpo, gordura e pele semelhantes.
Isso faz deles ideais para simular como corpos humanos se decompõem em diferentes condições, como enterrados, embrulhados em sacos plásticos, cobertos com cal ou queimados.
No experimento, os cientistas vestem os porcos com roupas, os colocam em sacos ou cobertores e os enterram, sozinhos ou em grupos, para estudar como detectá-los, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).
Como funciona o projeto?
Lançado em 2023, o projeto é conduzido por cientistas da Universidade de Guadalajara, da Universidade Nacional Autônoma do México, da Universidade de Oxford e da Comissão de Busca de Jalisco. Eles usam tecnologias como:
- Drones com câmeras hiperespectrais: captam luz refletida pelo solo, mostrando mudanças em substâncias como nitrogênio e fósforo, que aparecem quando corpos se decompõem;
- Drones térmicos e scanners a laser: identificam variações de temperatura ou movimentos no solo; e
- Análise biológica: estuda plantas, insetos e solo ao redor das sepulturas, que formam um “microecossistema”.
José Luis Silván, coordenador do projeto, explica que até flores amarelas que crescem sobre túmulos ajudam nas buscas. “As mães que procuram seus filhos dizem que essas flores são um sinal”, disse ele à AP.
Crise de desaparecidos
O México enfrenta uma crise de desaparecimentos desde 2006, quando o então presidente Felipe Calderón declarou guerra aos cartéis. A violência explodiu, e os cartéis passaram a “sumir” com pessoas para evitar deixar pistas.
Dados oficiais apontam mais de 130 mil desaparecidos, o maior número da América Latina. Jalisco, onde atua o Cartel Nova Geração de Jalisco, lidera os índices, com 15,5 mil casos.
Com pouco apoio das autoridades, as famílias dos desaparecidos muitas vezes lideram as buscas. Elas caminham por áreas perigosas, usando varas de metal para perfurar o solo e sentir o cheiro da morte.
O projeto quer ajudar essas famílias com tecnologias que tornem as buscas mais rápidas e seguras. Algumas ferramentas, como drones térmicos, já estão sendo usadas em campo, segundo a AP.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
