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Civilizações do passado ajudam a explicar mistério do campo magnético mais fraco da Terra

Pesquisadores recorrem a artefatos arqueológicos para entender como o campo se comportou no passado

Internacional|Do R7

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • O campo magnético da Terra está enfraquecendo, levantando preocupações sobre seus impactos.
  • Pesquisadores utilizam arqueomagnetismo para estudar variações históricas do campo magnético.
  • A Anomalia da Idade do Ferro foi identificada como uma grande anomalia no campo magnético, revelando variações que desafiam suposições anteriores.
  • O enfraquecimento do campo pode afetar satélites e saúde humana devido à maior exposição à radiação.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Campo magnético da Terra tem atuado como um escudo natural contra a radiação solar e cósmica Pixabay

Por séculos, o campo magnético da Terra tem atuado como um escudo natural contra a radiação solar e cósmica. Mas evidências recentes mostram que essa proteção está enfraquecendo, levantando preocupações sobre possíveis impactos em satélites, redes de comunicação e até na saúde humana. Pesquisadores agora recorrem a artefatos arqueológicos para entender como esse campo se comportou no passado e o que isso pode indicar para o futuro.

O campo magnético é gerado pelo movimento de ferro líquido no núcleo externo da Terra, um processo conhecido como geodínamo. No entanto, como não é possível observar diretamente o que ocorre no interior do planeta, cientistas usam registros indiretos para mapear variações históricas. Um dos métodos mais promissores é o arqueomagnetismo, que analisa a orientação magnética preservada em objetos antigos aquecidos a altas temperaturas, como cerâmicas, tijolos e resíduos metálicos.


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Foi por meio dessa técnica que pesquisadores identificaram uma das maiores anomalias já registradas no campo magnético da Terra. Conhecida como Anomalia da Idade do Ferro do Levante, ela foi revelada em 2008 por uma equipe liderada pelo arqueólogo Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv. Um fragmento de cobre encontrado no sul da Jordânia preservava um pico intenso de magnetismo ocorrido há cerca de 3 mil anos.

A descoberta foi inicialmente vista com desconfiança por parte da comunidade científica. A intensidade do campo naquela época, registrada no material, superava qualquer modelo teórico até então. Após mais de uma década de estudos conduzidos por Ben-Yosef e o geólogo Ron Shaar, da Universidade Hebraica de Jerusalém, a anomalia foi confirmada e hoje é uma referência importante para o estudo do geodínamo.


Entre 1100 e 550 a.C., o campo magnético na região do Oriente Médio variou de forma abrupta. Esses dados desafiam as suposições anteriores sobre a estabilidade do campo e levantam hipóteses sobre outros picos que possam ter ocorrido em diferentes locais do planeta. Pesquisas em andamento sugerem que regiões como China e Coreia também podem ter registrado anomalias semelhantes durante o mesmo período, embora ainda careçam de dados suficientes para confirmar a relação entre elas.

O estudo dessas variações históricas ganhou importância diante da atual tendência de enfraquecimento do campo magnético da Terra. Uma das áreas mais afetadas é o Atlântico Sul, onde o campo é mais fraco e tem causado interferências em satélites e equipamentos da Estação Espacial Internacional. A chamada Anomalia do Atlântico Sul pode estar ligada a uma superpluma, termo técnico que descreve uma massa de rocha quente no limite entre o manto e o núcleo, localizada sob a África.


Modelos recentes, baseados em dados arqueomagnéticos, tentam simular como essas estruturas no interior do planeta afetam o comportamento do campo magnético. No entanto, ainda não há uma explicação definitiva. Mesmo com avanços nas técnicas de medição, o acesso a equipamentos sofisticados, como magnetômetros de alta precisão, é limitado a poucos laboratórios. Isso restringe a abrangência dos dados e deixa lacunas importantes, especialmente em regiões como África e América do Sul.

Hoje, cerca de 90% das informações disponíveis no banco de dados global Geomagia50 vêm da Europa. Essa concentração geográfica dificulta a criação de um retrato completo do campo magnético da Terra ao longo do tempo. Cientistas alertam que o avanço da pesquisa depende do aumento de colaborações internacionais e do financiamento para infraestrutura especializada.


O enfraquecimento do campo magnético pode ter implicações práticas. Sem essa proteção natural, satélites ficam mais vulneráveis à radiação, o que pode comprometer comunicações, sistemas de navegação e serviços climáticos. Além disso, aumentos na exposição à radiação podem representar riscos à saúde, incluindo maior incidência de câncer em áreas mais afetadas.

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