Coletes Amarelos: França suspende aumento do imposto do diesel
Primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anuncia moratória de seis meses para medida que instigou protestos violentos no país
Internacional|Cristina Charão, do R7, com Reuters
O primeiro-ministro da França, Edouard Philippe, anunciou uma moratória de seis meses para o aumento do imposto sobre combustíveis. A medida, conhecida como "tributação ecológica", entraria em vigor em 1º de janeiro e seu anúncio levou à protestos massivos dos "coletes amarelos", que resultaram na prisão de centenas de pessoas e em pelo menos três mortes nas últimas semanas.
Outras medidas que faziam parte de um pacote voltado para a redução das emissões de gases poluentes também estão suspensas, entre elas o aumento das taxas de gás e eletricidade durante o inverno, que começa no fim de dezembro no Hemisfério Norte.
Coletes amarelos
Os protestos nas ruas de várias cidades da França começaram em 17 de novembro, motivados essencialmente pelo anúncio do aumento dos impostos sobre o diesel, cujo preço ao consumidor já acumulava uma alta de 23% no ano.
A conexão direta com a questão do preço dos combustíveis ficou marcada pelo uso dos coletes amarelos, uma vestimenta obrigatória nos kits de segurança de automóveis de carga. As manifestações, porém, foram assumindo novas pautas ao longo do dia, demonstrando insatisfação com o governo do presidente Emmanuel Macron.
O custo de vida e a suspensão da cobrança de imposto sobre grandes fortunas entraram na pauta, que foi ampliada na mesma medida com que as manifestações foram engrossando nas ruas e se tornando mais violentas.
No último fim de semana, mais de 400 pessoas foram presas, depois dos manifestantes depredarem patrimônio público e lojas em Paris.
Bloqueios em estradas também se tornaram comuns em toda a França.
'Raiva' precisa ser ouvida, diz primeiro-ministro
O controle técnico mais severo dos veículos também está suspenso.
Philippe ainda anunciou que o governo iniciará um grande debate sobre tributação a partir de 15 de dezembro, com um prazo de três meses para concluir a discussão e apresentar propostas ao Legislativo.
"Essa raiva, você precisaria ser surdo ou cego para não vê-la ou ouvi-la", disse Philippe, anunciando as mudanças.
"Os franceses que vestiram coletes amarelos querem que os impostos caiam e que o trabalho pague. Isso também é o que nós queremos. Se eu não conseguisse explicar isso, se a maioria governista não conseguisse convencer os franceses, então algo precisa mudar".