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Colômbia escolhe novo presidente de olho no futuro do acordo de paz

Candidatos estão muito próximos nas pesquisas e estão disputando os eleitores do terceiro colocado que pretendem votar em branco

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

Sessão eleitoral que será usada no segundo turno da disputa presidencial na Colômbia
Sessão eleitoral que será usada no segundo turno da disputa presidencial na Colômbia

Os colombianos vão às urnas neste domingo (17) para escolher o futuro presidente do país, na disputa do segundo turno. A polarização política que atingiu níveis enormes no país definiu como candidatos Iván Duque e Gustavo Petro.

Duque é apoiado pelo ex-presidente do país, Álvaro Uribe e é considerado seu herdeiro político. Até o ano passado, ele era senador da Colômbia.

Petro, por sua vez, foi um guerrilheiro do M-19 na juventude e depois adentrou na política pelas vias institucionais. Já foi candidato à Presidência em outra ocasião e perdeu. No entanto, exerceu por quatro anos a função de prefeito de Bogotá, a capital e maior cidade do país. É lá que o esquerdista que chegou mais longe em uma disputa presidencial na Colômbia mantém seu maior reduto eleitoral.

Para o professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, José Maria de Souza, estruturalmente, a Colômbia vive um momento de consolidação do alinhamento de interesses com os Estados Unidos.


Nos últimos meses, o país recebeu dinheiro do FMI e conseguiu entrar para a OCDE, além de se tornar o primeiro país da América Latina a fazer parte da Otan. Essas conquistas teriam sido intermediadas pela aliança com os EUA.

Souza explica que os problemas que o país enfrentará nos próximos anos não serão resolvidos em curto prazo, por isso "essa eleição não é absolutamente decisiva para a Colômbia porque qualquer um que assumir vai ter dificuldade de governar diante de um Congresso fragmentado", ressalta.


As pesquisas divulgadas nos últimos dias mostram que a vantagem pertence Iván Duque, mas é pequena. Segundo o Celag (Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica), Duque tem 45% das intenções de voto, enquanto Petro tem 40%.

Votos do centro


Para conseguir a vitória, os dois disputam os votos do terceiro candidato, Sergio Fajardo.

Fajardo, o candidato de centro derrotado no primeiro turno, já se manifestou afirmando que não vai apoiar nenhum dos dois candidatos, em nome da "coerência".

De acordo com a pesquisa divulgada pelo Celag, no total, os votos brancos são 7,7% dos votantes. Entre os eleitores que admitiram ter votado em Fajardo no primeiro turno, o índice de votos em branco alcança 21%.

Outros candidatos do primeiro turno que não tiveram tanta expressividade, como Humberto de la Calle e Germán Vargas Lleras, já declararam que vão seguir o exemplo de Fajardo.

Eleições sem violência

Esta é a primeira eleição colombiana em 50 anos em que as principais guerrilhas do país não estão em atividade.

As Farc, que por décadas foi a maior guerrilha colombiana, entregaram as armas após um acordo de paz firmado com o atual presidente Juan Manuel Santos, em 2017.

Para o pleito deste ano, as Farc, que se transformou em partido político, chegou a cogitar um candidato próprio para a presidência, mas recuou.

Está em andamento outra negociação, desta vez com o ELN (Exército de Libertação Nacional) também tentando emplacar um acordo de paz.

A segunda maior guerrilha colombiana, inclusive fez um cessar-fogo unilateral durante o período eleitoral.

Acordo com as Farc

Como dois oponentes em campos completamente opostos, Petro e Duque divergem em diversos pontos polêmicos e importantes para a política colombiana. A começar pelo próprio acordo de paz com as Farc. 

Duque é o candidato que lidera as pesquisas
Duque é o candidato que lidera as pesquisas

Duque é um político ligado ao ex-presidente Álvaro Uribe que fez campanha contra o acordo com as Farc. Apesar disso, ele já anunciou que não "rasgará" o acordo, mas que irá propor algumas "modificações".

José Maria de Souza argumenta que a "influência de Uribe é relativa", já que o próprio Juan Manuel Santos era ministro de Uribe, mas pôs em prática os acordos de paz com as Farc.

O candidato à direita também fez alguns comentários contra a participação dos ex-guerrilheiros das Farc na política institucional.

"Deve ficar claro que, se uma pessoa está no Congresso e possui uma condenação por crimes contra a humanidade deve deixar a vaga e deve nomear seu vice, que não tem nenhum crime contra a humanidade", disse Duque.

Petro, por outro lado, já avisou que pretende seguir o acordo à risca. "As vítimas e a sociedade colombiana vão saber a verdade e terão a certeza de que a justiça será aplicada contra os infratores".

Cessar-fogo e ELN

Petro é o candidato de esquerda a ir mais longe em uma eleição
Petro é o candidato de esquerda a ir mais longe em uma eleição

Na questão do diálogo com o ELN, Petro já afirmou que vai investir em um cessar-fogo bilateral, caso seja eleito. Mas caso o grupo não chegue a um acordo, será combatido pelo Estado.

Duque não concorda com o cessar-fogo bilateral, mas concorda com "redução de penas' para os guerrilheiros.

Outro ponto delicado que está mobilizando os eleitores colombianos é o pedido de extradição do ex-guerrilheiro Jesus Santrich, acusado de conspirar para transportar 10 toneladas de cocaína para os Estados Unidos.

Santrich teve participação direta no processo de negociação com as Farc e foi preso durante a vigência do acordo de paz.

Os dois candidatos concordam com a extradição, mas Petro diz que antes precisa de uma confirmação do Judiciário colombiano para que ele possa ser extraditado.

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