Com Gaza cercada por terra, Israel se prepara para enfrentar guerrilha do Hamas e resgatar reféns
Militares vêm avançando para o centro da Cidade de Gaza, onde acreditam estar localizado o quartel-general subterrâneo do grupo
Internacional|Do R7
A Faixa de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas, está cercada por terra. No domingo (5), o Exército de Israel anunciou que dividiu o território palestino em duas partes, dias depois de ter contornado totalmente a região, na quinta-feira (2). Agora, após um mês exato de guerra, a próxima fase da guerra de Israel contra o Hamas se aproxima, e há temor sobre o que está por vir.
O Exército avança para o centro da Cidade de Gaza, onde os militares acreditam estar localizado o quartel-general subterrâneo do Hamas. Este alvo é muito mais longe e de difícil acesso do que os das campanhas terrestres de 2009 e 2014. Naquela altura, os objetivos eram mais limitados: destruir uma série de túneis do Hamas e os seus lançadores de foguetes. Desta vez, o objetivo declarado é a destruição do Hamas, em particular da sua liderança.
A inteligência israelense acredita que a liderança do Hamas está escondida sob o Hospital al-Shifa, o maior de Gaza, e outros centros de tratamento de saúde da região. Mas, para chegar a esses quartéis-generais, os militares devem primeiro passar pelas linhas defensivas do grupo terrorista e resgatar os reféns sequestrados no ataque-surpresa de 7 de outubro. Autoridades estimam que pelo menos 242 pessoas, entre israelenses e estrangeiros, estejam sob custódia dos extremistas.
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Os militares ainda não entraram em combate com os terroristas do Hamas, mas andam por Gaza em seus tanques blindados e transformaram o território palestino em uma linha de frente de guerra. Eventuais dispositivos explosivos improvisados (IED) são detonados ao lado dos tanques, mas eles quase não são sentidos nos veículos pesados.
Em raras exceções, os soldados acabam sendo atingidos. Na semana passada, quando dois mísseis antitanque atingiram um dos IFVs Namer, eles mataram todos os dez combatentes Givati que estavam lá dentro.
Tragédia humanitária
Em paralelo à ofensiva terrestre, o Exército de Israel vem realizando uma série de bombardeios devastadores em toda a Faixa de Gaza, que atingiram locais como hospitais, escolas e abrigos para refugiados. Segundo balanço divulgado na segunda-feira (6), os ataques israelenses já deixaram pelo menos 10 mil mortos no território palestino, dos quais 70% são crianças, mulheres e idosos. As ofensivas também causaram grande destruição, com pelo menos 42% de casas do enclave danificadas ou destruídas.
A internet é a única maneira que os palestinos têm para mandar informações sobre a situação da guerra, mas a conexão em Gaza foi cortada diversas vezes, deixando a população do enclave sem comunicação. O governo local do Hamas acusou Israel de causar o corte para "perpetrar massacres" em Gaza. Brasileiros que estão na passagem de Rafah aguardando a liberação para a saída de Gaza mandaram, nas últimas semanas, vídeos e fotos para retratar o que estavam enfrentando.
Além dos bombardeios incessantes, o povo de Gaza enfrenta também a carência de produtos básicos desde 9 de outubro, quando Israel decretou um cerco total ao território palestino. Centenas de caminhões com ajuda humanitária entraram em Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah nas últimas semanas com água, comida e medicamentos, mas Israel impediu a entrega de combustível no território palestino, alegando que isso poderia beneficiar o Hamas.
A escassez de combustível já levou ao fechamento de vários hospitais, entre eles a única unidade oncológica do território palestino. Na falta de medicamentos, os poucos hospitais que ainda funcionam estão realizando procedimentos sem anestesia. A falta de combustível também coloca em risco a vida de pelo menos 120 bebês prematuros que estão em incubadoras.