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Conivência do Kremlin ajuda escola russa de cibercriminosos, diz especialista

País é internacionalmente conhecido por grupos nacionais que invadem sistemas de empresas privadas e de governos pelo mundo

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Putin seria conivente com ações hackers da Rússia
Putin seria conivente com ações hackers da Rússia

Os russos são internacionalmente conhecidos pela força do país em ataques digitais. Um dos casos mais notórios foi o atentado à empresa brasileira JBS, em um sequestro de sistema creditado por autoridades americanas a grupos de cibercriminosos da Rússia.

A escola russa de hackers pode contar com a ajuda velada do governo do país, é o que aponta o gerente da CySource no Brasil, Helio Sant’Ana. Segundo o especialista, a União Europeia acredita que Vladimir Putin e o Kremlin fazem vista grossa às ações de cibercriminosos do país.

“A Rússia, por ser um país considerado de democracia não muito forte, vem, segundo alguns atores da União Europeia, permitindo a atuação de grupos criminosos cibernéticos em seu território. Muitos especialistas e análises permitem que a gente entenda isso como uma forma de patrocínio velado do governo.”

De acordo com Sant’Ana, os vírus de computador desenvolvidos na Rússia costumam evitar equipamentos do próprio país. Os malwares — software feito para causar danos a um computador ou servidor — podem identificar se o dispositivo é relacionado a Moscou pelo endereço de rede ou pela simples utilização do teclado cirílico.


Essa tecnologia acaba sendo utilizada por grupos russos contra países próximos, em especial as ex-repúblicas soviéticas, como a Ucrânia.

“A Rússia acaba sendo beneficiada pela ação e pela prosperidade dos grupos nesse território. [...] Vimos isso, inclusive, na Ucrânia, onde operadores de energia elétrica foram afetados por malwares criados em território russo.”


Desde o início da guerra entre os países no Leste Europeu, ucranianos já identificaram ataques a diferentes estruturas do governo, como sites institucionais e empresas de telecomunicação estatais.

Até onde os ataques hackers podem ir?

Estações de energia podem ser afetadas por ataques hackers
Estações de energia podem ser afetadas por ataques hackers

Tradicionalmente, os malwares são utilizados para roubar dados, ter acesso a registros sigilosos de empresas ou até mesmo travar sistemas de empresas por completo. Nos dias de hoje, estes ataques podem ir além e prejudicar a distribuição de energia, água ou gás.


Uma tecnologia como essa pode ser utilizada em conflitos entre países no clicar de um botão. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, preocupado com a segurança cibernética das empresas de infraestruturas críticas do país, pediu às companhias que aumentem seus esforços na proteção de sistemas vitais para a população.

Na Ucrânia, o grupo estatal de telecomunicações Ukrtelecom teve interrompido seu serviço de internet na última segunda-feira (28) após um "poderoso" ataque cibernético, segundo funcionários do governo ucraniano e representantes da empresa.

“Hoje existem diversas possibilidades de afetar a estabilidade de uma nação por meio de infraestruturas consideradas como críticas” explica Sant’Ana.

O especialista acredita que este tipo de mecanismo já esteja sendo utilizado por potências, em uma guerra muito mais silenciosa do que os conflitos conhecidos com armas, tanques e caças. Para o gerente da CySource, os dois tipos de confronto podem existir simultaneamente.

“Eu acredito que esse poder já está sendo utilizado”, diz Sant’Ana sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Interferindo nas comunicações da Ucrânia, interferindo nas infraestruturas críticas, como o setor elétrico. E naturalmente, ele acaba não sendo uma guerra declarada, como por exemplo a invasão [física] de um território”.

Quem são as maiores potências na guerra da tecnologia?

Estados Unidos é um dos países mais bem preparados para ataques hackers
Estados Unidos é um dos países mais bem preparados para ataques hackers

China, Estados Unidos e Rússia são os países que possuem maiores recursos e expertise para enfrentar ataques de malwares, destaca Sant’Ana. Para o especialista, China e Rússia se destacam por terem criado uma espécie de internet própria, permitindo a atuação rápida contra ataques estrangeiros mal intencionados.

Na Europa, por exemplo, as instituições buscam agir no sentido contrário ao da Rússia, trabalhando em cooperação entre os países que compõem o continente. “A visão que eles têm de proteção é a visão de grupo”, conta Sant’Ana.

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A expansão da capacidade militar dos países passa, nos dias de hoje, pelo desenvolvimento de tecnologias e conhecimento voltado para o mundo cibernético. Nações que sempre priorizaram o crescimento bélico, portanto, encontraram no mundo virtual a possibilidade de dominar as ações na nova variável de segurança nacional.

“A Rússia é um país naturalmente militarizado. [...] Depois que a digitalização, e principalmente, os sistemas críticos das nações passam a ser digitalizados, [...] a Rússia, assim como outras nações, começam a desenvolver os seus artefatos, a sua própria força de trabalho nas ações do espaço cibernético”, conclui Sant’Ana.

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