Coreia do Norte ameaça estudantes britânicos por filme da BBC
Estudantes da London School of Economics receberam ameaças depois que as autoridades norte-coreanas souberam que a BBC utilizou a visita escolar para fazer um filme disfarçado
Internacional|Do R7

Estudantes da London School of Economics (LSE), que viajaram à Coreia do Norte, receberam ameaças do regime depois que as autoridades deste país souberam que a rede britânica, BBC, utilizou a visita escolar para fazer um filme disfarçado, indicou a própria universidade nesta segunda-feira (15).
O diretor da escola, Craig Calhoun, disse que alguns dos estudantes haviam recebido cartas com ameaças após a revelação de que um jornalista investigativo se fez passar por um estudante na viagem realizada no mês passado ao supersecreto país comunista.
"Recebemos queixas das autoridades norte-coreanas, e alguns dos estudantes que viajaram receberam ameaças. Receberam cartas", disse Calhoun ao jornal The Guardian.
BBC acusada de usar estudantes para filmar na Coreia do Norte
Tropeços da Coreia do Norte viram arma na mão de críticos
A BBC ainda não fez comentários sobre as ameaças, mas rejeitou o pedido da escola de que a divulgação do filme fosse cancelada. A produção deve ser transmitida no programa de televisão Panorama ainda hoje.
A prestigiada universidade disse que a estratégia foi imprudente e irresponsável e ressaltou que, se as autoridades norte-coreanas tivessem descoberto os jornalistas, todo o grupo teria sido detido.
No entanto, a BBC indicou em um comunicado que o "interesse público em divulgar este programa é muito forte", no momento em que a Coreia do Norte deixa o mundo na expectativa de um lançamento de míssil.
A viagem de uma semana foi organizada por Tomiko Newson, esposa japonesa do experiente repórter investigativo da BBC John Sweeney, recém-formado pela LSE. Ela e seu marido fizeram a viagem juntos com o cinegrafista da BBC. Sweeney, ao que parece, dizia que era um estudante de doutorado em História da LSE.
Crianças norte-coreanas são ensinadas desde muito pequenas a cultuar jovem líder
EUA deveriam enfraquecer TV norte-coreana para evitar guerra, dizem especialistas
O diretor de programação da BBC, Ceri Thomas, insistiu que os verdadeiros estudantes do grupo haviam sido informados de que um jornalista viajaria com eles e conheciam os riscos.
"Acredito que os riscos como explicamos aos estudantes eram justificados", disse Thomas, acrescentando que ocorreram reuniões individuais e de grupo a respeito antes da viagem a Pyongyang.
— Mas quero deixar absolutamente claro que se tivesse havido alguma ideia de que vidas seriam colocadas em risco ou algo parecido, tanto a equipe da BBC quanto os estudantes não teriam chegado tão longe.
Ele acrescentou que o programa encoberto sobre a Coreia do Norte foi autorizado ao mais alto nível pela BBC e a decisão veio do topo da hierarquia do meio de comunicação.
Em pé de guerra, países da Ásia contam com mais de 500 ogivas nucleares
Em um artigo publicado no site Times Higher Education nesta segunda-feira, o diretor da LSE disse que a investigação deixou os estudantes, os diretores da universidade e os acadêmicos em geral "em verdadeira dificuldade, se não em uma posição muito perigosa".
— O perigo é agora que os norte-coreanos, e os governos similares em outros locais do mundo, vão pensar o mesmo dos estudantes e das autoridades da LSE (...) todo este projeto foi imprudente e irresponsável do início ao fim, assim como profundamente desonesto.
Calhoun afirmou que a viagem à Coreia do Norte parece ter sido planejada para facilitar a realização do programa da BBC, sem que tivesse sido organizado ou autorizado pela universidade.
A BBC indicou que nunca pensou em se referir à LSE no programa, e que os rostos de três estudantes que se queixaram posteriormente serão ocultados no filme.
O que acontece no mundo passa por aqui
Moda, esportes, política, TV: as notícias mais quentes do dia













