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Crise de Gaza foi precedida de tensão em incursão israelense

Conheça alguns detalhes que transformaram uma operação sigilosa em uma sequência de ataques que levaram a região a maior crise desde 2014

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7, de Jerusalém*

Pelo menos 12 pessoas já morreram
Pelo menos 12 pessoas já morreram

O que era para ser uma ação de monitoramento, segundo Israel, acabou gerando a maior crise entre Israel e o Hamas desde 2014, colocando a região próxima de uma guerra, até pelo menos a tarde desta terça-feira (13).

Juntando depoimentos na mídia local, de moradores da região e de fontes do governo, foi possível ter uma ideia muito próxima do que ocorreu e de como muitas vezes um conflito se inicia em função do acaso.

Tudo teve início no último domingo quando, em uma incursão sigilosa, membros do Exército israelense entraram de carro na Faixa de Gaza, para inspecionar a região.

O objetivo era mapear algumas cidades, como Khan Yunis, para ter a certeza de que, entre outras possibilidades, o Hamas não estava construindo nenhum túnel que pudesse penetrar em território israelense.


Mas o inesperado, ou melhor, o pouco provável, acabou prevalecendo. Os militares que, segundo Israel, estavam mesmo em uma operação de inteligência, foram parados por uma blitz do Hamas em uma estrada. O Hamas alega que a intenção dos oficiais israelenses era matar membros do grupo.

E, no momento em que foram descobertos, iniciou-se uma intensa troca de tiros, que matou um tenente-coronel israelense e outros seis membros do grupo palestino, um deles líder de uma importante unidade.


A informação do tiroteio rapidamente foi transmitida para o comando do Hamas e do IDF (Exército israelense), enquanto os oficiais israelenses se dirigiam de volta para a fronteira. Foi um momento de extrema tensão.

Como estratégia, a Forca Aerea israelense começou a bombardear a área onde ocorreu o tiroteio, para evitar que os israelenses fossem sequestrados pelos combatentes palestinos, o que iria gerar uma crise sem precedentes.


Enquanto isso, os oficiais de Israel conseguiram chegar a fronteira, levando o corpo do colega morto e de um ferido, resgatado por um helicóptero.

Neste momento, porém, já não havia mais como evitar que se iniciasse a série de lancamentos de mísseis do Hamas em direção a cidades do sul de Israel.

O IDF, então, atacou alvos na Faixa de Gaza. No conflito morreram mais 7 palestinos em Gaza e um palestino morador de Ashkelon. Dos feridos em Israel, um se mantém em estado grave.

Ashkelon, desta vez, foi o principal alvo. A cidade israelense ficou vazia durante esta terça-feira (13), conforme conta o brasileiro Haroldo Wertman, 65 anos, que mora há mais de 30 anos no local. Um dos mísseis, inclusive, quase atingiu o prédio onde mora.

"No fim da tarde, eu voltava para casa, na rua quase sem ninguém, e o alarme das sirenes comecou a tocar várias vezes. Quando cheguei, eu e minha esposa chamamos minha filha e a familia para dormir na nossa casa, onde há um abrigo embaixo. Era um barulho muito alto. Era um míssil atrás do outro. Um deles caiu perto de minha casa, a não mais do que 300 m."

Wertman já está preparado para novos lançamentos, baseado em uma história que tem se repetido muito na região.

"Esta situação tem se repetido sempre e o final é sempre o mesmo. Quem sofre são os envolvidos no conflito. As pessoas estão muito cansadas de tudo isso. Não acredito em cessar-fogo, este foi obtido muito em função do desejo do Egito. Mas sabemos que e instável. Não queremos guerra, mas queremos uma solução."

*O jornalista viaja a convite do Ministério das Relações Exteriores de Israel

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