De que lado estão as ex-repúblicas soviéticas na guerra entre Rússia e Ucrânia?
Isolado ao lado de Belarus, governo de Vladimir Putin vê Leste Europeu junto a Volodmir Zelenski e forças da Otan
Internacional|Lucas Ferreira, do R7
Entre 1922 e 1991, o mundo convivia com uma grande nação europeia formada por 15 repúblicas: a União Soviética. No final do século 20, o grande império vermelho entrou em desmonte com o colapso econômico do sistema socialista empregado no país.
A maior expoente da União Soviética, a Rússia continuou sendo o país mais importante da região, exercendo grande influência nas nações vizinhas — menores em tamanho, economia e população. Segundo Rodrigo Reis, especialista em relações internacionais e diretor-executivo do Instituto Global Attitude, este sempre foi o plano de Moscou.
“A Rússia, desde a desintegração da União Soviética, vem tentando se colocar no papel importante e fundamental, algum tipo de influência nos ex-países da União Soviética”, conta Reis ao R7.
Apesar da gigantesca influência de Moscou, a invasão da Ucrânia mostrou que as ex-repúblicas soviéticas buscam uma conexão maior com o Ocidente do que com a própria Rússia.
As votações na Assembleia-Geral da ONU escancaram a queda da influência russa no Leste Europeu. Em 2 de março, apenas Belarus das ex-repúblicas soviéticas votou ao lado da Rússia contra a resolução apresentada às Nações Unidas que condenava a guerra da Ucrânia.
Armênia, Cazaquistão, Quirquistão e Tajiquistão se abstiveram, enquanto Azerbaijão, Turcomenistão e Uzbequistão não votaram. Estônia, Geórgia, Letônia, Lituânia, Moldávia, além da própria Ucrânia, votaram a favor.
Para Reis, a invasão russa ao país vizinho e, que há cerca de 30 anos formava a mesma grande nação, representa perigo para a soberania no Leste Europeu, além da criação de uma nova crise de refugiados no continente.
“A realidade é que a Guerra na Ucrânia tem consequências gigantescas para todos os outros países ex-membros da União Soviética. Então, eles estão tendo uma grande entrada de refugiados e, além disso, estão em uma posição de uma possível ameaça a sua soberania, ao seu território.”
A Otan e o Ocidente
Uma das exigências do presidente russo Vladimir Putin para o cessar-fogo é que a Ucrânia não entre na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A aliança defensiva, criada pelo Ocidente para conter o avanço da União Soviética no século 20, cerca territorialmente a Rússia tanto pelo leste quanto na fronteira oeste, no estreito de Bering, separando russos de americanos.
A premissa principal da Otan é a defesa mútua entre os 30 Estados-membros em caso de ataque de outras nações. Atualmente, Estônia, Letônia e Lituânia são as ex-repúblicas soviéticas que dividem fronteira com a Rússia e fazem parte da Aliança Atlântica.
“Estônia, Letônia e Lituânia são os países que, virtualmente, se sentem mais seguros no momento devido ao apoio da Otan e dos Estados Unidos. Não acho que exista a possibilidade de invasão iminente desses países”, explica Reis.
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Para o especialista, a Rússia não busca com a invasão da Ucrânia uma reunificação aos moldes da União Soviética. A forte presença do Ocidente no Leste Europeu, tão citada por Putin em seus discursos, parece ser um movimento inevitável.
“Os países do leste se afastam [da Rússia] antes da [guerra] na Ucrânia. Obviamente, governos mudam e alinhamentos se diferenciam, mas a grande maioria dos países já tem distanciamento e uma aproximação do Ocidente que é muito aparente”, conclui Reis.
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