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Denúncias de espionagem canadense contra o Brasil podem afetar relações comerciais de R$ 15 bilhões

Mercado brasileiro é considerado prioritário pelas autoridades e empresas canadenses

Internacional|Do R7, com agências internacionais

Jornais canadenses destacaram na segunda-feira (7) as revelações sobre a espionagem canadense contra o Brasil
Jornais canadenses destacaram na segunda-feira (7) as revelações sobre a espionagem canadense contra o Brasil

As novas denúncias de espionagem reveladas pelo jornalista Glenn Greenwald, no último domingo (6), poderão afetar a relação bilateral entre o Brasil e o Canadá colocando em risco um histórico de parcerias diplomáticas e o crescimento no comércio dos dois países que movimenta cerca de 15 bilhões de reais anualmente.

Até o último fim de semana, o Brasil e o Canadá desfrutavam de um ambiente bilateral muito positivo. No campo político, ambos são parceiros em diversos temas envolvendo direitos humanos e atuam lado a lado no Haiti pela MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti).

No campo econômico a relação teve um crescimento vertiginoso nos últimos dez anos e conforme mencionado pelo próprio governo canadense o Brasil é um parceiro estratégico para os negócios do país.

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De acordo com o relatório oficial do Canadá, o setor de mineração é um dos principais focos para as empresas do país. Segundo dados oficiais, em 2009, 75% das grandes mineradoras mundiais tinham suas sedes em território canadense.


O Canadá é um dos maiores investidores em mineração no Brasil, onde foram instaladas 55 empresas brasileiras país dedicadas à exploração, 45 de equipamentos e 20 de serviços relacionados com o setor, segundo dados oficiais do país americano.

O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, o segundo de ferro, manganês, tantalita, e o terceiro de bauxita, segundo dados do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).


Além disso, é um importante produtor de ouro, níquel, magnésio, caulim e estanho, entre outros minerais, setor cuja regulação e cujas concessões dependem do Ministério de Minas e Energia.

Em 2012, o Canadá foi um dos principais investidores no Brasil com um total de R$ 35 bilhões (16 bilhões de dólares) acumulados aplicados na economia tupiniquim.

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Conforme divulgado pelo Departamento responsável pelo comércio exterior canadense, desde 2000, houve um crescimento de 90% nas exportações do país aos brasileiros.

Atualmente, o Brasil é o 11º parceiro comercial do Canadá e o volume total de trocas está em torno dos 15 bilhões de reais — dividido em aproximadamente R$ 9 bilhões de vendas brasileiras e R$ 6 bilhões de exportações canadenses.

No dia 1º deste mês, o Banco central do Canadá destacou o crescimento do comércio internacional e também destacou o bom desempenho de seus empreendedores nos mercados emergentes. O relatório da instituição alegou que os dois principais destinos das empresas e produtos canadenses eram o Brasil e a China.

Em 2011, durante a visita oficial do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harpe, ao Brasil, os dois países assinaram diversos acordos e criaram um grupo de diálogo permanente para incrementar as relações. No início de agosto deste ano, o ex-ministro das relações exteriores Antonio Patriota e seu congênere canadense John Baird anunciaram novos entendimentos no Rio de Janeiro e reafirmaram todo o “entusiasmo” envolvendo a relação bilateral.

Segundo a reportagem do Fantástico divulgada no domingo, a NSA colaborou com o Centro de Segurança das Telecomunicações do Canadá para obter dados das ligações telefônicas e do fluxo de e-mails do Ministério de Minas e Energia do Brasil.

A presidente Dilma Rousseff postou na segunda-feira (7) no Twitter que "tudo indica" que os governos dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, além de "milhares de empresas" desses cinco países, têm "amplo acesso" aos dados espionados no Brasil.

"É urgente que os Estados Unidos e seus aliados fechem suas ações de espionagem de uma vez por todas", afirmou Dilma, quem sustentou que as novas denúncias "confirmam" que a espionagem obedece a "razões econômicas e estratégicas".

Segundo Dilma, há indícios de "interesses canadenses na área de mineração" no Brasil, o que agrava a situação.

"A espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade das pessoas e das empresas", afirmou a governante, que também disse ter determinado que o Ministério de Minas e Energia realize uma "rigorosa avaliação e reforço" da segurança de suas redes.

"Repudiamos a guerra cibernética", acrescentou Dilma, que no mês passado denunciou a espionagem americana na Assembleia Geral da ONU, diante da qual definiu essas práticas como uma "violação" da soberania de seu país, "uma afronta" e "uma falta de respeito" que não pode se justificar na luta contra o terrorismo. 

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