Canadá mantém silêncio sobre denúncias de espionagem feitas pelo Brasil
Além de Dilma e da Petrobras, o Ministério das Minas e Energia também teria sido espionado
Internacional|Do R7
O Canadá se negou nesta segunda-feira (7) a comentar as revelações de que os Estados Unidos teriam espionado as comunicações do Ministério das Minas e Energia do Brasil com objetivos econômicos.
"Não comentamos as atividades de coleta de dados no exterior", declarou Julie Dimambro, porta-voz do Ministério da Defesa do Canadá.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff condenou a espionagem supostamente realizada pelo Canadá e pediu aos Estados Unidos e a seus aliados que parem com este tipo de ação.
"A denúncia de que o Ministério da Energia foi alvo de espionagem confirma as razões econômicas e estratégicas por trás desses fatos", afirmou Dilma em seu Twitter.
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A presidente disse que o caso mostra o interesse do Canadá no setor minerador brasileiro.
— Isso é inadmissível em países que pretendem ser sócios. Repudiamos a guerra cibernética. (...) É urgente que os Estados Unidos e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas.
Em função da denúncia, a Chancelaria brasileira convocou o embaixador do Canadá, Jamal Khokhar, para expressar sua indignação e repúdio pelo suposto caso de espionagem.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo manifestou ao colega canadense a indignação de seu governo e pediu explicações.
O chanceler enfatizou "o repúdio do Governo a esta grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos das pessoas e das empresas", segundo o comunicado oficial.
O programa Fantástico, da Rede Globo, revelou no domingo (6) um suposto documento da Agência Canadense de Segurança nas Telecomunicações (CSEC) que mostra um esquema detalhado das comunicações do Ministério das Minas e Energia brasileiro, incluindo chamadas telefônicas, correios eletrônicos e navegação na internet.
O documento foi vazado pelo ex-consultor da inteligência americano Edward Snowden, que teve acesso a ele em uma reunião de junho de 2012 entre analistas das agências de inteligência dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, os 'Five Eyes' (cinco olhos), como o grupo é conhecido.
Nos últimos meses, a imprensa publicou documentos atribuídos à Agência de Segurança Nacional americana (NSA) sobre espionagem das comunicações de Dilma, de seus assessores e de milhões de brasileiros, além da Petrobrás.
Dilma denunciou na época que essa espionagem não era por razões de combate ao terrorismo, como haviam argumentado inicialmente os Estados Unidos, e sim econômicas.
"Tudo indica que os cinco governos e milhares de empresas prestadoras de serviço podem ter acesso aos dados da NSA amplamente", acrescentou Dilma em seu tuíte.
Segundo a reportagem do Fantástico, o programa de espionagem canadense chamado Olympia, fez um "mapeamento" das comunicações telefônicas e dos computadores do ministério. O objetivo era "descobrir contatos realizados com outros órgãos, dentro e fora do Brasil, além da Petrobrás".
No documento, que não revela em que período isso aconteceu, é apresentado um registro das ligações do Ministério das Minas e Energia brasileiro para outros países, com contatos com a Organização Latino-americana de Energia (Olade), no Equador, e com a embaixada brasileira no Peru.
As comunicações com países do Oriente Médio, África do Sul e até com o próprio Canadá foram incluídas no relatório.
"A espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade das pessoas e empresas", insistiu a presidente.
O documento canadense também tem instruções sobre quais seriam os próximos passos da inteligência em relação ao Brasil, o que inclui a utilização de um grupo chamado TAO, descrito pela Globo como a tropa de elite da espionagem americana.