Deputados irão investigar interferência nas eleições russas

A Câmara dos Deputados da Rússia (Duma) anunciou nesta quarta-feira (7) que investigará a ingerência estrangeira na vida política e nas eleições russas em meio aos maiores protestos antigovernamentais dos últimos anos.

O partido do Kremlin, a Rússia Unida, considerou "merecedora" de apoio a proposta enviada pelos líderes dos três partidos da oposição com representação parlamentar (comunistas, ultranacionalistas e sociais-democratas), informou a agência Interfax.

Uma comissão especial integrada por membros dos quatro partidos se encarregará de comandar "uma investigação pública e transparente" que contará também com a participação de especialistas e "estruturas interessadas".

"Queremos esclarecer qual Estado e com que fim realiza tal ingerência, quem na Rússia recebeu de maneira ilegal apoio e assistência material do exterior e, inclusive, quem exerceu o papel de agente de um Estado estrangeiro", disse Andrei Isayev, vice-presidente da Rússia Unida na Duma.

A comissão coordenará o trabalho com o comitê de segurança e luta contra a corrupção da Duma, que já entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e as forças de segurança para que ofereçam provas da suposta interferência.

Isayev explicou que, entre os motivos para a criação de tal comissão, está a denúncia da porta-voz das Relações Exteriores, Maria Zakharova, de que a embaixada dos Estados Unidos publicou em seu site um mapa com o itinerário da manifestação da oposição do dia 3 de agosto.

A delegação publicou esse mapa acompanhado de uma advertência aos cidadãos americanos para que não frequentassem os lugares onde haveria uma grande presença policial.

"Há também outros casos de ingerência em nossos assuntos internos e na nossa política interna", argumentou Isayev, ao afirmar que a agência alemã Deutsche Welle convocou abertamente para a participação nos protestos.

O deputado opinou que a Rússia foi acusada injustamente de se envolver nas eleições dos Estados Unidos e de vários países europeus, logo teria argumentos morais e jurídicos para abrir uma investigação sobre a ingerência em seus assuntos internos.