Derrota do Daesh para coalizão síria deixa Turquia e Rússia em alerta
Dentro das Forças Democráticas, milícia curda síria YPG (Unidades de Proteção do Povo) que apoia um Estado curdo dentro da Turquia
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
A Forças Democráticas da Síria, apoiadas pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, nesta sexta-feira (14), controlaram completamente a cidade de Hajin, considerada a principal fortaleza do Daesh na Guerra Síria, segundo o Observatório Sírio para Direitos Humanos.
Ao mesmo tempo em que a derrota do Daesh na Síria se intensifica, a retomada de territórios por parte das Forças Democráticas Sírias preocupa alguns países, como Rússia e principalmente Turquia.
Nessa confusa guerra na Síria, muitas vezes os inimigos fazem o trabalho para os aliados, porque ambos têm oponentes em comum, no caso o Daesh. E isso vem ocorrendo na cidade de Deir Ezzor, leste sírio, próximo ao rio Eufrates, tida como a última base do Daesh no país.
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Este confronto vinha se estendendo desde o início de 2017 e somente agora teria chegado a um desfecho.
A Turquia vê esse avanço com muita atenção. Dentro destas Forças Democráticas, há a presença de grupos curdos, principalmente da milícia curda síria YPG (Unidades de Proteção do Povo).
O YPG é composto de remanescentes da derrota para a Turquia em janeiro, em Afrin, norte da Síria, quando a região foi controlada por tropas turcas, após confronto com a frente opositora ao governo sírio.
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Com o avanço das Forças Democráticas, que incluem estes curdos, em outras regiões do país, fica mais distante o objetivo do governo da Turquia, de neutralizar esses grupos que reivindicam um governo secular, democrático e federalista em território sírio.
Isto porque, se isso ocorresse, seria um passo para que eles lutem com mais força por um Estado próprio dentro de território turco.
Diante desta avanço, a Turquia afirmou que fará em alguns dias uma nova operação militar na Síria contra as Forças Democráticas, para atacar os curdos apoiados pelos Estados Unidos. Tal fato abala ainda mais as já desgastadas relações entre turcos e americanos, aliados na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
No mês passado, forças turcas atacaram posições curdas na fronteira com a Síria, a leste do rio Eufrates, em nova investida contra o YPG.
Para a Rússia, o fortalecimento das forças de oposição ao governo sírio de Bashar al-Assad, a quem a administração do presidente Vladimir Putin apoia, é um obstáculo a mais para encerrar definitivamente o conflito.
Neste sentido, ironicamente, por um lado seria até melhor para a Turquia e para a Rússia que os opositores fossem derrotados pelo inimigo de todos, o Daesh, menos estruturado e sem aliados, naquela região.
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