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Desigualdade social: uma barreira para América Latina na pandemia

Para especialistas, os países e trabalhadores com melhor preparação digital serão os primeiros a sair da crise, o que ainda é um enorme desafio

Internacional|Da EFE


Cerca de 2,7 milhões de pequenas empresas podem fechar as portas
Cerca de 2,7 milhões de pequenas empresas podem fechar as portas

As grandes desigualdades sociais na América Latina, que se refletem na exclusão digital, constituem um de seus grandes fardos, o que explica que em 2020 a recessão será maior que nas demais grandes regiões em desenvolvimento e a levará de volta ao nível de atividade de 2009.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (24), quatro organismos internacionais liderados pela OCDE lembram que as projeções apontam para uma queda do produto interno bruto (PIB) latino-americano de mais de 9% e traçam o cenário social que isso acarretará.

Leia mais: Pandemia destruiu 1/3 dos empregos na América Latina

De acordo com estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (CELAC) e Comissão Europeia (CE), a pobreza na região pode aumentar 6,9 pontos percentuais em relação ao ano passado.

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A queda do PIB regional neste ano ao nível de 2009, já prevista meses atrás, significa que o contingente de pobres passará para 230,9 milhões, 37,3% da população. Além disso, a pobreza extrema aumentará em 28,5 milhões de pessoas, para um total de 96,2 milhões.

Paralelamente, teme-se que 2,7 milhões de empresas, a grande maioria de pequeno porte, tenham que baixar as portas e 8,5 milhões de empregos possam desaparecer.

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Economias frágeis

O impacto da crise será mais forte na América Latina, em particular porque “a pandemia chegou em um momento muito ruim”, disse o Secretário-Geral da OCDE, o mexicano Ángel Gurría, na apresentação online do relatório, realizada no âmbito do a Assembleia Geral da ONU e com a participação dos presidentes da Colômbia, Iván Duque, e da Costa Rica, Carlos Alvarado.

Gurría referiu-se aos elevados níveis de pobreza e informalidade laboral, que atinge 54% da força de trabalho, e disse que estes trabalhadores informais têm três ou quatro vezes menos possibilidades de formação em tecnologias digitais, do que para os autores do estudo são a grande oportunidade para sair do buraco.

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Na verdade, a ideia que Gurría conquistou é que “os países com melhor preparação digital serão os primeiros a sair da crise”.

Trabalhadores informais têm menos chances de obter formação em tecnologias digitais
Trabalhadores informais têm menos chances de obter formação em tecnologias digitais

E aí a situação inicial não é boa considerando que lá o percentual de pessoas com conexão à internet é de 68% (dados de 2018), quando a média na OCDE é de 84%.

Pior ainda, entre os 20% com renda mais alta, os conectados na América Latina são 75%, enquanto entre os 20% dos mais desfavorecidos representam apenas 37%.

Há 38 pontos percentuais de gap digital nesse indicador, muito superior aos 25 que ocorre em média na OCDE.

A Secretária-Geral da CEPAL, Alicia Bárcena, destacou que "a digitalização é hoje um bem básico e necessário", mas na América Latina - onde o acesso à internet representa 14% da receita, contra 3% na Europa - 40% das famílias não têm conexão.

Nesse contexto, menos da metade dos latino-americanos tem experiência suficiente no uso de computadores e outras ferramentas digitais para realizar tarefas profissionais básicas.

O presidente da Costa Rica também quis chamar a atenção para as terríveis conseqüências dessa exclusão digital, observando que "em nosso presente e em nosso futuro a desigualdade não é mais em termos de renda (...), mas que a verdadeira desigualdade está no acesso" à educação, saúde e conhecimento.

Recuperação "mais dura"

Alvarado reconheceu na América Latina que a recuperação "vai ser mais dura que a dos Estados Unidos, da China ou da Europa" por isso e porque a região não tem as mesmas margens fiscais para levar a cabo políticas de estímulo.

E acrescentou que se a América Latina não se recuperar no mesmo ritmo, isso também terá consequências em termos de migração, criminalidade, comércio e instabilidade social, que se farão sentir no resto do mundo.

Gurría também não se privou de enviar outra mensagem clara na direção dos líderes da região no sentido de que neste momento a questão não é escolher entre a emergência sanitária e a econômica, mas sim que o coronavírus deve ser combatido "por todos os meios, porque isso tornará o custo econômico da pandemia em si menos oneroso".

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