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DNA antigo de mamutes do México revela mistérios genéticos inexplicáveis; entenda

Cientistas sequenciaram 61 genomas mitocondriais, cinco deles datados por radiocarbono entre 13 mil e 16 mil anos

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Cientistas sequenciaram DNA antigo de mamutes-colombianos no México, revelando diferenças genéticas inesperadas.
  • O estudo analisou 83 molares encontrados em obras do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles.
  • A pesquisa sugere uma evolução mais complexa da espécie, com um ancestral híbrido isolado dos mamutes norte-americanos.
  • Os resultados desafiam a ideia de que DNA não pode ser preservado em climas quentes, ampliando a compreensão sobre a biodiversidade tropical.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Um dente de mamute descoberto no México
Um dente de mamute descoberto no México Gerardo Peña/INAH

Pela primeira vez em uma região tropical, cientistas conseguiram sequenciar DNA antigo do mamute-colombiano, espécie endêmica da América do Norte e Central. A análise revelou diferenças genéticas inesperadas entre os animais encontrados no México e os fósseis descobertos nos Estados Unidos e Canadá. O resultado sugere que a evolução da espécie foi mais complexa do que se imaginava.

O estudo, publicado em 28 de agosto na revista Science, analisou 83 molares de mamutes colombianos localizados durante as obras do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, em Santa Lucía, no México, onde foram encontrados mais de 100 fósseis do Pleistoceno. A equipe conseguiu sequenciar 61 genomas mitocondriais, cinco deles datados por radiocarbono entre 13 mil e 16 mil anos.


O mamute-colombiano media cerca de 4 metros e era mais alto que o mamute-lanoso, com quem conviveu e chegou a cruzar. Até agora, acreditava-se que a espécie tivesse se espalhado do norte para o sul do continente de forma contínua, mas os resultados apontam uma história diferente.

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Federico Sánchez-Quinto, paleogenomicista da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), afirmou que os fósseis mexicanos exibem uma composição genética distinta em relação aos animais encontrados mais ao norte. “A evolução do mamute colombiano foi muito mais complicada do que pensávamos e o México apresenta uma variação genética importante que não está presente em outros lugares”, disse.


Os pesquisadores descobriram que o ancestral comum dos mamutes mexicanos divergiu antes dos que permaneceram nos Estados Unidos e no Canadá. Segundo Eduardo Arrieta-Donato, coautor do estudo e também da UNAM, esse ancestral já era híbrido entre o mamute das estepes e o mamute-lanoso da Beríngia.

“À medida que seus descendentes migravam para o sul, podem ter ficado isolados dos outros mamutes norte-americanos, o que explicaria essa singularidade genética”, afirmou.


O trabalho também desafia a ideia de que o DNA não pode ser preservado em regiões quentes. “O DNA é como sorvete, se conserva melhor no frio”, disse Sánchez-Quinto. Apesar disso, a equipe conseguiu extrair material genético em boas condições. Para Ángeles Tavares-Guzmán, engenheira de biotecnologia e coautora do estudo, os resultados confirmam que é possível obter DNA antigo mesmo em climas tropicais.

A descoberta de variações genéticas não se restringe aos mamutes. Pesquisas com fósseis do México também revelaram distinções em ursos-negros do Pleistoceno e em mastodontes, sugerindo que a região pode ter desempenhado um papel central na diferenciação de espécies durante a era do gelo.


Para Sánchez-Quinto, além de revelar novas informações sobre a evolução dos mamutes, a pesquisa mostra que países do Sul Global têm capacidade para liderar projetos dessa natureza. “Os laboratórios do Sul Global têm toda a capacidade para realizar esses projetos. Às vezes, o que nos falta é o dinheiro”, disse.

Os pesquisadores afirmam que novas amostras de DNA, obtidas em uma área geográfica mais ampla, serão fundamentais para entender por que os mamutes mexicanos desenvolveram características únicas.

“Isso é mais do que justificativa para rastrear ainda mais a biodiversidade que ocorre nos trópicos ao longo do tempo, o que, idealmente, deveria ser realizado por cientistas locais”, afirmou Sánchez-Quinto.

Perguntas e Respostas

 

Qual foi a descoberta feita por cientistas sobre o DNA de mamutes no México?

 

Cientistas conseguiram sequenciar pela primeira vez o DNA antigo do mamute-colombiano em uma região tropical, revelando diferenças genéticas inesperadas entre os mamutes encontrados no México e os fósseis descobertos nos Estados Unidos e Canadá. Isso sugere que a evolução da espécie foi mais complexa do que se imaginava.

 

Quantos fósseis foram analisados e onde foram encontrados?

 

O estudo analisou 83 molares de mamutes colombianos encontrados durante as obras do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, em Santa Lucía, no México, onde mais de 100 fósseis do Pleistoceno foram descobertos.

 

Qual a importância das diferenças genéticas encontradas?

 

As diferenças genéticas indicam que a evolução do mamute colombiano foi mais complicada do que se pensava, com uma variação genética significativa que não está presente em outras regiões.

 

O que os pesquisadores descobriram sobre o ancestral comum dos mamutes?

 

Os pesquisadores descobriram que o ancestral comum dos mamutes mexicanos divergiu antes dos que permaneceram nos Estados Unidos e no Canadá, e que esse ancestral já era híbrido entre o mamute das estepes e o mamute-lanoso da Beríngia.

 

Como a migração dos mamutes pode ter influenciado suas características genéticas?

 

À medida que os descendentes dos mamutes migravam para o sul, eles podem ter ficado isolados dos outros mamutes norte-americanos, o que explicaria a singularidade genética encontrada nos mamutes mexicanos.

 

O que a pesquisa diz sobre a preservação do DNA em regiões quentes?

 

A pesquisa desafia a ideia de que o DNA não pode ser preservado em regiões quentes, mostrando que é possível obter DNA antigo mesmo em climas tropicais, como demonstrado pela extração de material genético em boas condições.

 

Quais outras descobertas foram feitas em relação a fósseis no México?

 

Além dos mamutes, pesquisas com fósseis do México também revelaram distinções em ursos-negros do Pleistoceno e em mastodontes, sugerindo que a região pode ter desempenhado um papel central na diferenciação de espécies durante a era do gelo.

 

Qual é a visão dos pesquisadores sobre a capacidade dos países do Sul Global em liderar projetos de pesquisa?

 

Os pesquisadores afirmam que os laboratórios do Sul Global têm a capacidade de realizar projetos dessa natureza, embora frequentemente faltem recursos financeiros para tal.

 

O que os pesquisadores pretendem fazer a seguir?

 

Os pesquisadores planejam obter novas amostras de DNA em uma área geográfica mais ampla para entender melhor por que os mamutes mexicanos desenvolveram características únicas, enfatizando a importância de rastrear a biodiversidade nos trópicos ao longo do tempo.

 

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