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Eleições colocarão em xeque papel da oposição na Venezuela

Chavismo pode dominar Assembleia e papel de Guaidó na mudança fica incerto. Há 2 anos, oposição prometeu mudanças no país, mas pouco foi feito

Internacional|Da EFE

Guaidó prometeu mudanças na Venezuela, mas pouco foi feito pela oposição
Guaidó prometeu mudanças na Venezuela, mas pouco foi feito pela oposição

Com a chegada das eleições legislativas que devem levar o chavismo ao controle do parlamento da Venezuela, a oposição ao governo de Nicolás Maduro lamenta constatar que seus planos de chegar ao poder não se concretizaram e vê à distância as promessas não cumpridas que abalaram a credibilidade de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país.

Embora Guaidó insista que a Assembleia Nacional (AN), atualmente presidida por ele, "permanecerá firme" até que haja "eleições livres", a realidade será bem diferente: o chavismo passará a ocupar novamente as bancadas, e a oposição ficará excluída, sem contar com um representante sequer ou com instituições públicas sob sua responsabilidade.

Apoio internacional a Guaidó será mantido?

A maior parte dos mais de 50 países que reconheceram Guaidó como presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019 o fizeram com base nas razões constitucionais alegadas pelo próprio líder opositor para se autoproclamar como o novo chefe de governo, tomando como base sua posição à frente do parlamento.

O prazo deste mandato foi de 30 dias, mas 21 meses depois o político ainda se agarra a uma cadeira presidencial fictícia, argumentando que o governo Maduro é ilegítimo, apesar de ser reconhecido por mais de 135 nações.


A partir de 5 de janeiro, os governos que apoiaram Guaidó em janeiro de 2019 e não renovaram seu voto de confiança, ao menos publicamente, terão que se manifestar a respeito, apesar desse respaldo não possuir nenhum valor prático.

Biden ainda não comentou situação na Venezuela e apoio a Guaidó
Biden ainda não comentou situação na Venezuela e apoio a Guaidó

Qual será a posição do governo Biden?

A maior homenagem que Guaidó recebeu em 2019 veio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agora em fim de mandato. Segundo as projeções da imprensa americana, ele foi derrotado nas eleições de 3 de novembro pelo democrata Joe Biden, que deverá assumir o poder no dia 20 de janeiro, deixando o líder da oposição venezuelana sem seu aliado mais leal.


No entanto, Guaidó acredita que o novo presidente americano dará continuidade ao legado de Trump no que diz respeito ao apoio à oposição da Venezuela e ao repúdio às políticas de Maduro.

Biden, por sua vez, ainda não se manifestou sobre o assunto e nem deu qualquer sinal de que poderia apoiar Guaidó.


Guaidó havia conquistado apoio popular, mas falta de ações o isolou
Guaidó havia conquistado apoio popular, mas falta de ações o isolou

Apoio popular

Se há algo indiscutível é que Guaidó contava com o apoio de milhões de venezuelanos que depositaram nele sua confiança e esperança diante das repetidas promessas de uma mudança política no país em tempo recorde.

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Sua popularidade, entretanto, sofreu uma queda proporcional à decepção gerada pela quebra das promessas feitas para povo exigente e sedento por progresso, gerando uma falta de confiança tão grande a ponto de não ter mais volta.

Os mesmos nomes que outrora defendiam com unhas e dentes o seu "presidente" hoje expressam raiva, principalmente através das redes sociais, onde desabafam e exigem explicações que, pelo visto, nunca serão dadas.

Os opositores tradicionais continuam mantendo sua posição contrária a Maduro, mas quantos ainda apoiam Guaidó? Embora a pergunta seja difícil de responder de forma precisa, as manifestações de grande parte dos anti-chavistas são carregadas de frustração contra quem eles consideram que os enganou.

Oportunidade de diálogo

O governo venezuelano e a oposição tentaram, com a ajuda de mediadores nacionais e internacionais, estabelecer um canal de diálogo para aproximar posições e chegar a acordos entre a classe política que beneficiassem uma população polarizada.

O processo, que tinha como objetivo derrubar barreiras que impedissem qualquer negociação, passou por momentos relativamente tensos, com desistências de ambos os lados, que depois decidiram retomar um diálogo que soa inviável, porque ninguém está disposto a ceder.

Apesar de tudo, a comunidade internacional não perdeu a esperança de que os problemas da Venezuela possam ser resolvidos de forma pacífica em um futuro próximo, mas a possibilidade parece muito improvável.

E se até agora ambas as partes tinham voz, a partir de 5 de janeiro o governo chavista recuperará força total, enquanto a oposição, cada vez mais enfraquecida, dificilmente terá um papel decisivo.

Presidente sem país, legislador sem Parlamento

Oficialmente, mesmo que o mandato provisório de Guaidó como presidente fosse válido, ele teria terminado em 1º de abril de 2019, ou seja, 30 dias após a posse, prazo que a Constituição venezuelana estabelece para esse tipo de gestão temporária.

Mesmo assim, o opositor decidiu prolongá-lo, por vontade própria, considerando que Nicolás Maduro é um presidente ilegítimo e que atua fora das bases constitucionais.

Com base nesse argumento, a julgar pela forma de proceder de Guaidó em relação a seu "mandato", nem ele ou o político chavista poderiam presidir o país.

No entanto, a realidade é bem diferente: Maduro lidera um Poder Executivo com instituições, as Forças Armadas e o poder de execução. Enquanto isso, Guaidó administra um "governo interino" sem poderes sobre qualquer instituição.

A partir de 5 de janeiro, ele não terá voz e voto no parlamento, que passará para o controle do chavismo, por mais que tente se manter em uma cadeira fictícia.

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