Embaixador de Israel na ONU critica países que não classificam o Hamas de grupo terrorista
Gilad Erdan questionou o Conselho de Segurança, o qual acusou de ser omisso enquanto a Faixa de Gaza era transformada em uma 'máquina de guerra'
Internacional|Do R7
O embaixador de Israel na ONU (Organização das Nações Unidas), Gilad Erdan, fez duras críticas ao Conselho de Segurança da entidade e a países que, segundo ele, "optam por não rotular o Hamas como uma organização terrorista por motivos políticos".
O Hamas é classificado de organização terrorista apenas por Israel, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Austrália, Paraguai e pela União Europeia.
Em um discurso na tarde desta quarta-feira (18), Erdan fez um retrospecto da chegada do Hamas ao poder na Faixa de Gaza e acusou o Conselho de Segurança da ONU de ser omisso em relação à ameaça que os extremistas representavam.
"Israel se retirou unilateralmente de Gaza há 18 anos. O Hamas foi então eleito pelo povo de Gaza [...] depois de matar os funcionários da Autoridade Palestina, atirando-os de telhados. O Hamas procedeu para transformar cada centímetro da Faixa de Gaza em uma máquina de guerra. Onde estava o conselho naquela época? Onde estava o conselho quando o Hamas explorou bilhões de dólares de ajuda internacional para incorporar infraestrutura terrorista em áreas residenciais densamente povoadas? Onde vocês estavam?"
Segundo o diplomata, a organização terrorista no enclave palestino passou os últimos anos "disparando dezenas de milhares de foguetes indiscriminadamente contra cidades e vilas israelenses enquanto se escondia atrás de seus civis".
"O Hamas faz isso para que, quando Israel responda, possa desfilar os corpos de civis que usou como escudo em Gaza. Sua estratégia é explorar suas baixas civis como propaganda para envolver a comunidade internacional a fim de impedir que Israel o ataque. Seu objetivo é aumentar as baixas civis em Gaza. Isso faz parte de seu roteiro. Ele sabe que não pode vencer Israel no campo de batalha. Ele sabe disso. Portanto, ele quer aterrorizar nossos cidadãos e depois usar a ONU para impedir Israel de aniquilá-lo, para poder se rearmar, reabastecer-se e continuar aterrorizando os israelenses."
Gilad Erdan afirmou que as discussões que estão em andamento no Conselho de Segurança não visam enfrentar o terrorismo na região.
"Até agora este conselho não condenou o Hamas pelas atrocidades perpetradas, pelos crimes cometidos. Mas aqui estamos discutindo corredores humanitários. Ninguém mais vê quão absurdo isso é? Pedir calma e cessar-fogo é como colocar um curativo em uma ferida de bala. Tais medidas não erradicarão o câncer que é o Hamas, e corredores humanitários não impedirão a próxima atrocidade", enfatizou.
Em relação ao bombardeio de um hospital em Gaza, ontem, o embaixador disse que já há evidências suficientes de que o foguete foi disparado pelo grupo terrorista Jihad Islâmica, mas acusou o secretário-geral da ONU, António Guterres, e outros funcionários da entidade de aceitarem "imediatamente as alegações de terroristas assassinos de bebês" ao afirmar que Israel é responsável pelo episódio.
"Como o secretário-geral pode esquecer que tem a obrigação de verificar os fatos antes de emitir uma condenação? Acho que é fácil quando se trata de Israel. Meses atrás, o próprio secretário-geral assinou um relatório em que detalhava como os foguetes disparados erroneamente de Gaza mataram e feriram dezenas de crianças de Gaza e pessoal médico. Exigimos um pedido de desculpas."
A fala do embaixador israelense ocorreu logo após a rejeição da proposta de resolução apresentada pelo Brasil, que preside o Conselho de Segurança.
O texto era enfático na condenação dos atos terroristas do Hamas contra o povo israelense, mas pedia uma "pausa humanitária" para a entrada de alimentos e suprimentos necessários para a população civil de Gaza.
A proposta, porém, foi vetada pelos Estados Unidos, mesmo com 12 votos favoráveis dos 15 países que integram o conselho.
Seriam necessários nove votos favoráveis para a aprovação da resolução. Os membros permanentes do colegiado — Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia — têm poder de veto no grupo.