O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou neste sábado (19) um cessar-fogo unilateral temporário na guerra da Ucrânia, em razão da Páscoa. Segundo o Kremlin, a trégua terá início às 18h do sábado no horário de Moscou (12h no horário de Brasília) e vai até a meia-noite de domingo para segunda-feira, também no horário russo (18h de domingo no horário de Brasília).A pausa nas hostilidades foi apresentada por Putin como um gesto humanitário e pode ser vista também como um sinal político, especialmente para o Ocidente, de que o Kremlin estaria aberto a retomar as negociações de paz.A trégua de Páscoa ocorre em meio à maior troca de prisioneiros já registrada desde o início da guerra. Segundo o Ministério da Defesa russo, 246 soldados russos voltaram de território controlado por Kiev, enquanto 31 ucranianos feridos foram libertados em troca de 15 militares russos que precisavam de atendimento médico urgente. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também afirmou que 277 combatentes ucranianos retornaram das prisões russas, incluindo militares que atuaram em Mariupol e em outras áreas das regiões de Donetsk, Kherson, Zaporizhzhia e Luhansk.Zelensky agradeceu à mediação dos Emirados Árabes Unidos e disse que, desde o início das trocas, 4.552 pessoas, entre combatentes e civis, já voltaram para o território ucraniano.Segundo o presidente russo, todas as atividades militares conduzidas pelas tropas da Rússia serão suspensas durante o período anunciado. A ordem foi dada diretamente ao chefe do Estado-Maior russo, general Valery Gerasimov, em reunião transmitida pela televisão estatal.“Guiados por considerações humanitárias, o lado russo declara uma trégua de Páscoa. Presumimos que o lado ucraniano seguirá nosso exemplo”, disse Putin.Apesar da declaração pública, Putin alertou que as forças russas devem permanecer em estado de alerta para reagir a possíveis violações da trégua por parte da Ucrânia, além de estarem prontas para conter provocações e “quaisquer ações agressivas do inimigo”.O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que orientou todos os comandantes de unidades envolvidas na chamada “operação militar especial”, como o Kremlin se refere oficialmente à guerra, a respeitar o cessar-fogo. Em nota, o ministério afirmou que a trégua será observada “desde que seja igualmente respeitada pelo regime de Kiev”.Até o momento, não houve resposta oficial do governo ucraniano sobre o anúncio de cessar-fogo. A Ucrânia já demonstrou ceticismo em ocasiões semelhantes. Em janeiro de 2023, a Rússia também declarou uma trégua unilateral, rejeitada por Kiev. Na ocasião, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou o gesto como uma “manobra cínica” para permitir que tropas russas se reagrupassem.O anúncio da trégua ocorre em um momento de intensificação dos combates. Horas antes do pronunciamento de Putin, o Ministério da Defesa da Rússia informou que suas tropas haviam expulsado forças ucranianas da vila de Oleshnya, na região russa de Kursk, próxima à fronteira com a Ucrânia. Segundo a agência estatal russa Tass, combates ainda estavam em andamento na vila vizinha de Gornal.Analistas ouvidos pela agência Reuters veem na trégua um movimento político voltado tanto ao público interno quanto à comunidade internacional. O gesto pode ter como objetivo mostrar que a Rússia está disposta a dialogar, mesmo mantendo os esforços de guerra em andamento.A iniciativa também vem em meio à pressão de países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, por uma maior abertura diplomática da Rússia que leve à desescalada do conflito.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp