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Entenda o caso de espionagem ilegal descoberto na Argentina

Uma investigação sobre narcotráfico acabou levando investigadores a uma rede de funcionários da Agência Federal de Inteligência atuando fora da lei 

Internacional|Do R7

Escândalo 'Super Mario Bros' aconteceu durante o governo de Maurício Macri
Escândalo 'Super Mario Bros' aconteceu durante o governo de Maurício Macri

Umescândalo de espionagem ilegal envolvendo o ex-presidente da Argentina, Maurício Macri, sacudiu o país no mês de junho, em meio à quarentena de prevenção ao novo coronavírus. O caso, que ficou conhecido como "Super Mario Bros", teve a participação de funcionários da Agência Federal de Inteligência e assessores da presidência.

Ao menos 25 pessoas tiveram a prisão decretada e a notícia dividiu a antiga base macrista, hoje na oposição governo de Alberto Fernández.

Investigações feitas a partir da apreensão de um celular encontraram vínculos entre funcionários pessoais de Maurício Macri e uma rede de espionagem ilegal. Entre as pessoas ligadas ao ex-presidenteentre estão sua ex-funcionária Susana Martinengo e o ex-secretário do presidente, Darío Neto.

Ao menos 18 agentes da AFI integravam um grupo de whatsapp chamado "Super Mario Bros", que atuavam em rede para espionar opositores políticos, jornalistas, sindicalistas, líderes comunitários, líderes religiosos, e classificá-los, mas sem discriminar ou justificar o trabalho oficialmente.


Quem era espionado

Uma das pessoas espionadas de forma ilegal pelo grupo é a ex-presidente Cristina Kirchner, que atualmente é vice-presidente. Outras pessoas ligadas ao seu governo também foram espionadas, incluindo algumas que estavam presas, que tiveram microfones colocados em celas e em salas onde acusados se encontram com advogados, os parlatórios. A informação foi retirada do celular do também ex-agente da AFI, Leandro Araque.

Atual vice-presidente, Cristina era uma das espionadas
Atual vice-presidente, Cristina era uma das espionadas

Mas não só opositores eram vigiados. Segundo informações retiradas dos depoimentos dos acusados, até mesmo as irmãs de Macri foram espionadas. Jorge Sáez, um dos agentes presos esta semana e conhecido como "o Turco", afirmou que o presidente pediu que espionassem Florencia Macri.


De acordo com Sáez, o marido de Florencia, Salvador Pica, estaria envolvido em um caso de narcotráfico e por isso a preocupação do ex-presidente de que o caso manchasse sua imagem. Outro agente teria dito que Sandra, outra irmã de Macri, já falecida, também teria sido espionada.

Seguindo o fio de rede de tráfico

O caso foi descoberto quando autoridades argentinas investigavam uma rede de tráfico de drogas e seu principal chefe chamado Sergio Rodríguez, também conhecido como Verdura, em dezembro de 2018. Quando o cerco policial se fechou, Rodríguez se entregou e decidiu colaborar.


Uma das pessoas delatadas pelo narcotraficante era um advogado e agente da AFI chamado Facundo Melo. Foi quando o celular dele foi apreendido que o caso de espionagem ilegal veio à tona. Nele, as autoridades encontraram o grupo de agentes atuando de forma ilegal, revelando também a relação entre eles e os assessores de Maurício Macri.

Agentes disseram responder à Casa Rosada
Agentes disseram responder à Casa Rosada

Quando questionados a quem os agentes respondiam, alguns afirmaram em depoimento que se reportavam ao ex-director de Operações Especiais da AFI, Alan Ruíz. Outros agente indicaram o ex-chefe de Contrainteligencia da AFI, Diego Dalmau Pereyra, que chegou a admitir que montou o grupo de Whatsapp e contratou ao menos 5 dos agentes investigados.

Em depoimento, Pereyra disse que o trabalho não era ilegal e que se tratava de "inteligência criminal". Pereyra disse também que as ordens eram passadas pela Casa Rosada. 

Outros crimes

O grupo de Whatsapp já estava na mira da Justiça em uma outra investigação, que apurava um atentado a bomba contra o ex-ministro da Defesa, José Luis Vila, em julho de 2018. O caso do atentado também apareceu nos arquivos do celular apreendido com o agente da AFI, Facundo Melo.

As autoridades também encontraram nas mensagens indícios de outros crimes, como por exemplo, a venda ilegal de 296 escopetas e pistolas com valor "irrisório", a cerca de 20% do valor de mercado. E neste caso, o principal suspeito é o ex-titular da AFI, Gustavo Arribas, quem inclusive teria publicado resoluções sobre armas que favoreciam seu "comércio".

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Outro ponto que chamou a atenção das autoridades foi a carreira de Sáez e Araque, que alcançaram postos de trabalho rapidamente. Eles eram funcionários do Sistema Penitenciário, mas logo se tornaram agentes da AFI e em seguida, foram para a Polícia.

Disputa política

As investigações e o que veio à tona até o momento já atingiu a principal força de oposição ao governo atual. Ao jornal La Nación, um apoiador de Macri acusa Cristina Kirchner de provocar a "comoção da imprensa".

"A causa é um papelão, e há uma clara intenção de nos dividir. Não é estranho que apenas líderes de um espaço Cambiemos [partido de Macri] estejam sendo atingidos?", questiona.

O caso está sob a responsabilidade do juiz federal Federico Villena, de Lomas de Zamora, que nesta semana decretou a prisão de 22 pessoas suspeitas de integrarem o que ele classificou como "organização criminosa com atuação em todos os níveis do Estado". Foram apreendidos ainda celulares, computadores e documentos.

Também nesta semana, começaram os depoimentos dos suspeitos. Susana Martinengo e Darío Neto já foram ouvidos, e nos próximos dias, os agentes federais deverão falar também.

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