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Epidemia de opiáceos deve ser questão médica, diz jornalista

Em artigo, especialista afirma que o vício neste tipo de droga precisa receber atenção do sistema de saúde da mesma forma que outras doenças fatais

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

49 mil pessoas morreram de overdose de opiáceos em 2017
49 mil pessoas morreram de overdose de opiáceos em 2017

Um fato recorrente na longa guerra às drogas nos EUA é o pedido de que o vício seja tratado como uma questão de saúde e não de segurança pública.

O jornalista German Lopez, do portal Vox, que acompanha o assunto vai além. Em uma coluna sobre o tema, relembrando a extensa cobertura feita por ele sobre a epidemia de opiáceos no país em 2018, o jornalista afirma que o vício deve ser visto como uma questão médica, merecendo a mesma atenção que outras doenças.

Ele explica, por exemplo, que se um paciente com problemas cardíacos desse entrada em um pronto socorro e morresse por falta de tratamento adequado seria uma “catástrofe”. Lopez acredita que a diferença entre as doenças cardíacas e o vício é apenas o estigma que os usuários sofrem.

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Um relatório mostra que apenas 10% das pessoas que deram entrada nos hospitais por conta de overdose, em 2016, receberam cuidados médicos adequados para o vício.


Para efeito de comparação, em 2017, cerca de 49 mil pessoas morreram por overdose de opiáceos nos Estados Unidos, um recorde no país.

Médicos e receitas adequadas


Segundo Lopez, uma forma de tentar reduzir os riscos da epidemia de opiáceos é que os médicos estejam preparados para atender dignamente os usuários de opiáceos e que eles possam prescrever a medicação substituta adequada.

Hoje, dois medicamentos podem ser usados para lidar com as crises de abstinência de dependentes químicos, a buprenorfina e a metadona.


Estudos comprovam que esses remédios são altamente eficazes para o tratamento da dependência de opiáceos e podem reduzir em até 50% a morte dos pacientes com vício. Além disso, tanto a buprenorfina e metadona ajudam a manter o usuário no tratamento.

No entanto, o uso dos dois remédios é mínimo em todo o país. O relatório da Comissão de Opióides da Casa Branca divulgado no ano passado aponta que apenas cerca de 5% dos médicos do país estão autorizados a prescrever buprenorfina em suas receitas.

Com uma oferta tão baixa de médicos que podem receitar esse remédio, grande parte dos EUA ficam sem a cobertura adequada. O mesmo relatório mostra que 47% dos condados dos EUA — e 72% dos condados rurais — não têm médicos que possam prescrever o medicamento.

Outras falhas

Investigações feitas pelo próprio Lopez mostram que apenas um estado norte-americano (Rhode Island) oferece tratamentos adequados para prisioneiros viciados em opiáceos.

Outra questão que diminui o acesso das pessoas necessitadas aos cuidados médicos é a determinação dos planos de saúde e seguradoras de não reembolsarem os pacientes viciados que buscam tratamentos nos hospitais.

Os EUA não possuem um sistema público e gratuito de saúde, por isso todos os tratamentos são pagos.

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