Era Trump: programas de imigração atendem cada vez menos pessoas
A suspensão do DACA e dos vistos para os 'dreamers' é apenas uma das várias ameaças aos programas de imigração na gestão Trump
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais
As políticas migratórias do governo de Donald Trump não estão afetando apenas os adolescentes e jovens adultos protegidos pelo programa DACA. No último ano, quase todos os programas de imigração dos EUA foram diminuídos de alguma forma.
Uma decisão da Suprema Corte norte-americana nesta segunda-feira (26) impediu que o governo Trump acabe neste momento com o DACA, que fornece vistos temporários de estudos e trabalho para cerca de 700 mil imigrantes que foram levados pelos pais para os Estados Unidos ainda crianças.
Os juízes se recusaram a julgar um recurso que o governo fez contra a decisão de um juiz federal da Califórnia, que suspendia o decreto de Trump para acabar com o programa. Isso porque ainda cabe um julgamento em uma instância inferior, no Tribunal de Recursos da Califórnia.
Números da imigração
Apesar da importância que o DACA tem recebido nos debates sobre a imigração, principalmente devido à idade dos participantes do programa, os efeitos das políticas mais restritivas de Trump são sentidos por imigrantes de todas as origens.
O programa de residência permanente, que distribui os desejados "green cards", é responsável pela maior parte dos imigrantes. Anualmente, cerca de 1 milhão deles recebem os vistos permanentes, a maioria devido a laços familiares, no que é chamado de 'imigração em cadeia'. Os números são de um levantamento do Pew Research Center.
Com ele, as chances de obter o visto aumentam se a pessoa tem um parente próximo (cônjuges, filhos, irmãos ou pais) já residindo nos EUA. Em 2016, foram emitidos cerca de 804 mil de green cards dessa maneira, algo que Trump deseja diminuir, restringindo vistos apenas para quem tem filhos pequenos ou cônjuges no país.
Menos refugiados
Outra categoria de imigrantes prejudicada pelo atual governo é a dos refugiados.
Os EUA admitiram quase 85 mil pessoas que fugiam de perseguição em seus países em 2016 e o número caiu para 53 mil no ano seguinte. Para 2018, existe a previsão é de 45 mil vagas, o menor número desde a década de 1980.
Quando assumiu o governo, Trump chegou a paralisar completamente a entrada de imigrantes. Depois, liberou com a ressalva de que refugiados de 11 países não seriam permitidos. No início deste ano, essa lista deixou de ser usada.
Outras categorias de imigrantes
Em 2016, os EUA concederam green cards a 137 mil pessoas contratadas por empresas norte-americanas e suas famílias, mas o governo Trump também deseja fazer alterações nessa categoria, ampliando exigências para trabalhadores e facilitando a concessão de visto para pessoas que desejem investir em companhias norte-americanas.
A loteria de imigração, programa de diversidade que concede cerca de 50 mil vistos anuais a pessoas vindas de países com pouca representatividade dentro dos EUA, é um programa que corre o risco de ser totalmente excluído pela administração.
Vistos temporários para trabalhadores qualificados somaram quase 764 mil em 2016. Após a posse de Trump, o número de pedidos de revisão desses vistos por parte do governo subiu 45%, dificultando emissões e atrasando muitos processos. O governo também está cogitando reduzir o tempo de validade desses documentos.
Permissões temporárias
Além do DACA, outro programa que está sendo drasticamente reduzido na administração Trump é o Status de Proteção Temporária, que concede permissões temporárias para trabalho e estudo a pessoas vindas de 10 países, que se mudaram para os EUA para escapar de problemas graves como guerras e desastres naturais.
São 320 mil pessoas e a maioria delas pode perder os benefícios nos próximos anos. Imigrantes de quatro países (Nicarágua, El Salvador, Haiti e Sudão), ou 78% dos atendidos, já foram avisados que não terão suas permissões renovadas. O governo está renovando as permissões apenas para sírios e refugiados do Sudão do Sul no momento.