Erdogan chega à Alemanha e fala em restabelecer relação

Missão do mandatário tem como objetivo declarado reaproximar Ancara de Berlim e também da União Europeia

27/09/2018 - 17h50 (Atualizado em 22/02/2024 - 09h52)

Sob forte esquema de segurança, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, desembarcou nesta quinta-feira (27) em Berlim para uma delicada visita de Estado à Alemanha.

Ao longo dos últimos anos, os dois países, ambos integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), protagonizaram diversas crises diplomáticas, com Erdogan acusando a Alemanha de "nazismo" ao proibir comícios de políticos turcos no país - ofensa da qual o presidente nunca se desculpou.

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A missão do mandatário tem como objetivo declarado reaproximar Ancara de Berlim e também da União Europeia, a quem Erdogan ambiciona uma hoje improvável adesão.

"Queremos restabelecer as relações entre Turquia e Alemanha às condições do passado. Colocarei essa questão na mesa, e faremos todos os passos necessários", garantiu Erdogan na última quarta (26), ainda em Nova York, onde discursou na Assembleia Geral da ONU.

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A visita começa oficialmente nesta sexta (28), com um encontro bilateral com a chanceler Angela Merkel e um almoço de Estado. A viagem acontece em meio à crise econômica na Turquia, pressionada por sanções impostas pelos Estados Unidos devido à prisão de um pastor norte-americano acusado de ligação com o golpe frustrado de 2016.

No sábado (29), Erdogan inaugurará uma mesquita em Colônia, e sua passagem pela Alemanha deve ser marcada por protestos por todo o país.

Veja a galeria: nômades da Turquia lutam para manter fidelidade às tradições

Quando o verão chega no sul da Turquia, as cabras ficam inquietas e a família Gobut já sabe que é hora de fazer as malas e embarcar para sua longa jornada rumo ao norte na companhia do rebanho de 1.000 animais

Segundo a agência de notícias Reuters, a família é parte da tribo nômade Yoruk — que, há mais de um milênio, sustenta a tradição de se deslocar pela Anatólia, região situada no extremo oeste da Ásia que compõe a maior parte da Turquia. Meio século atrás, pelo menos 1.000 tribos nômades vagavam pela península anatoliana. Hoje, são apenas 86

A queda no número de famílias nômades ao longo do último século não só na região, como no mundo todo, é consequência da industrialização e do desenvolvimento agrícola

A família Gobut tem oito membros de três gerações. Todos passam metade do ano na estrada, período em que moram em tendas confeccionadas com pele de cabra. O grupo sai da província de Mersin, ao sul da Turquia, em abril, e percorre 600 km ao norte até Konya. A chegada geralmente se dá em julho, apenas para que o trajeto de volta seja iniciado alguns dias depois

Ao longo do caminho, o grupo arma suas tendas diariamente e passa as noites ao lado de uma fogueira, enquanto o rebanho pasta nas proximidades. Um membro da família dorme do lado de fora das barracas para proteger os animais dos lobos — que os Gobut chamam de monstros

A família ganha a vida graças às cabras. O grupo faz queijo a partir do leite dos animais, usa a pele deles para confeccionar as barracas e ganha dinheiro vendendo um terço do rebanho ao longo do trajeto pela Anatólia

Cada uma das cabras tem um nome e é tratada como parte da família. As menores, inclusive, são transportadas em uma picape

Pervin Savran, membro de uma fundação que representa os Yoruk, as cabras não são chamadas de 'animais', e sim de 'companhias'

"Tudo o que fazemos — comer, dormir, acordar — depende de nossas companhias. Esse é o nosso vínculo", diz Savran. A base do cardápio dos nômades também inclui tomates e 'bazlama' — pão feito de farinha moída que as famílias compram na estrada

Os membros da família têm celulares, mas apenas para ouvir as notícias como no rádio durante 15 minutos a cada manhã. Um dos filhos mais novos, Yunus, é liberado da escola primária depois de abril para embarcar na jornada de sua tribo

A cunhada de Yunus, Rukiye, deu à luz seu primeiro filho em abril e, poucos dias depois, já pastoreava as cabras com o recém-nascido entre os braços

Gulay, uma das filhas da família, estudou marketing de suprimentos médicos em uma faculdade na província de Bilecik, ao centro da Turquia. Ela retomou a vida nômade com a família porque não conseguiu encontrar emprego na área, mas disse à Reuters que sente falta de um estilo de vida mais estabelecido: "Eu tinha uma vida social na faculdade e eu ia ao hospital sempre que precisava. Nada disso existe na vida nômade. Vivemos sozinhos com a natureza"

Quando o verão chega no sul da Turquia, as cabras ficam inquietas e a família Gobut já sabe que é hora de fazer as malas e embarcar para sua longa jornada rumo ao norte na companhia do rebanho de 1.000 animais