O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira (2), em Ancara, que o país não quer dinheiro da União Europeia (UE) para manter refugiados da guerra da Síria, e advertiu que a Turquia não receberá mais imigrantes. "Os europeus acham que a Turquia vai continuar se ocupando dos refugiados por mais nove anos. Mas isso não vai acontecer", disse o mandatário em referência aos nove anos de duração do conflito no país vizinho.Leia também: Grécia reforça controle da fronteira com Turquia para barrar refugiados As mais recentes advertências de Erdogan foram feitas depois de um encontro com o primeiro-ministro da Bulgária, Boyko Borisov, que havia proposto uma reunião entre a Turquia e vários países da UE em Sófia nos próximos dias, sugestão que foi recusada pelo presidente turco. Os ministros das Relações Exteriores da UE se reunirão a partir de quarta-feira para analisar a mais recente crise migratória, causada pelo anúncio de que a Turquia deixará que saiam do país dezenas de milhares de refugiados sírios e outros migrantes do Oriente Médio e da África. A Turquia, que acolhe mais de 3,5 milhões de refugiados sírios, e a UE acordaram em 2016 que o país eurasiático manteria no próprio território a maior parte dos imigrantes, principalmente da guerra síria, em troca de um pagamento de 6 bilhões de euros (cerca de R$ 29,9 bilhões). "A Turquia cumpriu suas responsabilidades em relação aos refugiados sírios. Mas a UE não cumpriu a declaração de 18 de março (de 2016) e segue aplicando a desonestidade", criticou Erdogan em entrevista coletiva ao lado de Borisov. "Disseram que nos enviariam 1 bilhão de euros (cerca de R$ 4,98 bilhões). Quem eles querem enganar? Não queremos mais esse dinheiro. A Turquia gastou 40 bilhões de euros (cerca de R$ 199 bilhões). Ninguém tem o direito de brincar com a honra da Turquia", disse o presidente turco, que nesta noite conversou por telefone com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Segundo a presidência turca, Erdogan destacou na conversa a necessidade de "repartir de forma justa a carga dos refugiados" e de "cumprir as responsabilidades internacionais". Borisov parecia dar razão a Erdogan ao longo da entrevista, ao dizer que não entende "por que a UE não ofereceu o apoio financeiro prometido". "Esta crise só pode ser resolvida cumprindo as exigências do acordo (de 2016). Um dos princípios é que a UE compartilhe a carga", disse Borisov, cujo país mantém a fronteira com a Turquia fechada para impedir a entrada de refugiados e outros migrantes. Erdogan frisou que, "segundo o direito internacional, não se pode manter uma pessoa contra sua vontade em um país". "Aqueles que querem sair (da Turquia) podem fazê-lo, e a Europa não tem opção. Tem que aceitar os refugiados", concluiu o governante turco.