Escolas em zonas de conflitos sofreram 12,7 mil ataques em 5 anos
Levantamento aponta que 21 mil estudantes e docentes foram afetados. Além disso, grupos armados usaram escolas e universidades com fins militares
Internacional|Da EFE
As escolas e universidades em zonas de conflito e de guerra sofreram 12,7 mil ataques no mundo todo entre 2013 e 2017, que afetaram 21 mil estudantes e docentes, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) durante a 3ª Conferência Internacional sobre Escolas Seguras, realizada em Palma de Mallorca, na Espanha.
Segundo um estudo de 2018 realizado pela Coalizão Global para Proteger a Educação de Ataques (GCPEA, na sigla em inglês), durante esses cinco anos houve um aumento de incidentes indiscriminados, que atingiram ao menos 28 países.
Leia também
Derrota de jihadistas levanta dúvidas sobre futuro de crianças
Índia: projeto transforma vítimas de prostituição forçada em advogadas
'Saio de casa sem saber se volto', diz jovem sobre vida no Afeganistão
Dois anos de Alan Kurdi: crianças ainda são dizimadas pela guerra
Crianças na guerra não têm voz e são escudos humanos, diz fotógrafo
Além disso, forças e grupos armados usaram escolas e universidades em 29 nações com fins militares, como bases, quartéis, posição de tiro, paióis de armamento e centro de detenções.
O estudo evidencia que os ataques à educação e o uso de escolas com fins militares podem afetar de forma distinta meninas e mulheres, entre outros motivos porque os pais se mostram reticentes a escolarizar suas filhas quando existe risco de violência.
Em pelo menos 18 países, os ataques à educação foram dirigidos contra meninas e mulheres por conta do gênero, exercendo a violência sexual.
A cidade espanhola de Palma de Mallorca acolhe nesta semana a 3ª Conferência Internacional sobre Escolas Seguras, que conta com a participação de 300 especialistas e funcionários das Nações Unidas, que prosseguem com o trabalho iniciado nas realizadas em Oslo (Noruega) e Buenos Aires (Argentina) em 2015 e 2017, respectivamente.
Esta reunião internacional é um fórum para trocar experiências, sensibilizar e aumentar a visibilidade da Declaração sobre Escolas Seguras, que foi assinada até agora por 89 países de todo o mundo.
O ministro das Relações Exteriores espanhol, Josep Borrell, e a vice-ministra de Assuntos Exteriores da Noruega, Marianne Hagen, compareceram nesta terça-feira à inauguração da conferência junto com a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, e a representante do Secretário-Geral da ONU para a Infância e os Conflitos Armados, Virgínia Gamba.
Borrell anunciou no fórum que a Espanha iniciará um programa de cooperação e formação para pessoal civil e militar para prevenir que escolas e universidades sejam alvos militares em conflitos armados.
Poderão se beneficiar do programa os 89 países que assinaram até o momento a Declaração sobre Escolas Seguras promovida por Noruega e Argentina e ratificada em uma conferência internacional realizada em Oslo em maio de 2015.
Este programa de cooperação representa um compromisso político internacional para oferecer mais segurança a alunos, docentes, escolas e universidades durante os conflitos armados.
Borrell se referiu à necessidade de "aprofundar" com o Unicef e a GCPEA o monitoramento dos ataques a escolas e o descumprimento das normas do Direito Internacional que regem os conflitos para que sejam registradas "adequadamente as evidências" e os dados das "violações dos direitos da infância ".
O ministro espanhol reconheceu publicamente o trabalho desenvolvido por Noruega e Argentina como "campeões" da Declaração de Escolas Seguras e precursores da mesma.