Espanha foi principal entrada de migrantes na Europa em 2018

Durante o ano passado, pelo menos 769 migrantes morreram quando tentavam chegar, por mar, às costas do território espanhol, o triplo de 2017

02/01/2019 - 17h10 (Atualizado em 20/04/2024 - 11h40)

A Espanha se tornou a principal porta de entrada de imigrantes ilegais vindos da África na Europa no ano de 2018, recebendo 57.250 pessoas que cruzaram o Mar Mediterrâneo, o dobro do registrado em 2017, revelaram dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesta quarta-feira (2).

Durante o ano passado, pelo menos 769 migrantes morreram quando tentavam chegar, por mar, às costas do território espanhol, o triplo da cifra de 2017, quando 223 perderam a vida, acrescentou a OIM. O número, de acordo com relatório da Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado (CEAR), é o mais alto dos últimos 12 anos.

Os dados deixam a Espanha à frente da Itália, Grécia, Chipre e Malta. A crescente no número deve-se à política dos portos fechados dos governos italiano e maltês, além do encerramento da rota da Turquia para a Grécia.

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A maioria dos migrantes que chegam ao território espanhol são oriundos do Marrocos, Guiné e Mali. Segundo a CEAR, quase 160 pessoas por dia desembarcaram na Espanha no ano passado. Já o início de 2019 começa semelhante.

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Nesta manhã, 72 pessoas foram resgatadas de uma embarcação no Mar de Alborán.

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Migração para Itália diminuiu

O país supera a Itália, que tem visto o número de migrantes forçados que chegam ao país cair drasticamente desde 2017, quando houve uma queda de 34,2% na comparação com 2016, principalmente em função do acordo para treinar e equipar a Guarda Costeira da Líbia para resgates no mar.

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Além disso, a redução continuou se acentuando ao longo de 2018 e ganhou novo impulso a partir de junho, quando o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, determinou o fechamento dos portos para deslocados internacionais.

Veja a galeria: Migrantes se alimentam em lixões na tentativa de chegar à Espanha

Uma triste cena tornou-se comum na fronteira entre o Marrocos, país situado na África, e Ceuta, cidade autônoma da Espanha: homens, mulheres e crianças sobrevivendo de lixo

Imigrantes subsaarianos acumulam-se próximo à cerca de proteção que separam o Marrocos do enclave espanhol no norte da África para tentar acesso ao território europeu, em busca de perspectivas de vida.

Antes da investida, eles procuram comida em um depósito de lixo em Fnideq, Marrocos, perto do enclave espanhol, mostrando a precariedade de áreas do continente

Nestes tempos em que a imigração se tornou um fenômeno permanente, com milhões de pessoas transitando de um país ao outro, a procura pela entrada ilegal em Ceuta se tornou frequente. A cidade espanhola tem cerca de 75 mil habitantes, está geograficamente em território africano, mas a soberania é espanhola. Isso atrai a imigração por ser a única fronteira terrestre entre a África e a Europa

Para tanto, basta ultrapassar a cerca que, ainda que perigosa, é um desafio de menor grau do que se aventurar em embarcações precárias e clandestinas pelo mar Mediterrâneo. Na comparação, trata-se de um acesso privilegiado para a imigração clandestina

Na última quarta-feira (22), pelo menos 100 imigrantes conseguiram chegar a Ceuta. Mesmo com a ação policial tentando impedi-los, eles forçaram a entrada, pulando a cerca que divide a fronteira. Cinco membros da guarda-civil ficaram feridos. Os refugiados eram provenientes de Gana e da República da Guiné

Imigrantes pulam cerca da fronteira entre Espanha e Marrocos

Quase todos têm menos de 25 anos de idade. Ao pisarem em território europeu, eles vibraram de emoção. A alegria durou pouco. No dia seguinte, os imigrantes foram deportados de Ceuta

Desde meados do último mês de julho, mais de 800 subsaarianos conseguiram entrar em Ceuta. De lá, eles ainda precisam atravessar o estreito de Gibraltar para acessar a Espanha continental. Muitos tentam a travessia marítima direta, sem passar por Ceuta, em investidas também de alto risco

Enquanto não arranjam a coragem ou os meios para a travessia, muitos ainda seguirão vivendo no lixão de Fnideq

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