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Esposa e cuidador são considerados culpados de escravizar o marido deficiente dela

Sarah Somerset-How e George Webb estavam tendo um caso e deixaram homem como 'um prisioneiro em sua própria casa'

Internacional|Maria Cunha*, do R7

Tom foi tratado como escravo por esposa e cuidador
Tom foi tratado como escravo por esposa e cuidador

A esposa e o cuidador de um homem com deficiência foram considerados culpados por escravizá-lo, após o manterem em condições insalubres e tratá-lo "como uma propriedade" no Reino Unido. 

Sarah Somerset-How, de 49 anos, e George Webb, de 50 anos, que estavam tendo um caso, foram acusados de acordo com a legislação de escravidão moderna, normalmente usada quando a vítima é traficada ou forçada a trabalhar sem remuneração. 

Em razão disso, acredita-se que esse é o primeiro caso do tipo a ser julgado desse modo, pois o casal foi considerado culpado de manter a vítima, Tom Somerset-How, de 40 anos, em posição de escravidão ou servidão, segundo o tabloide britânico The Guardian. 

Durante uma discussão legal, a promotoria argumentou que, ao ser deixado como “um prisioneiro em sua própria casa”, separado da família e dos amigos, o homem estava sendo tratado como um escravo.


A dupla deixou Somerset-How — que tem paralisia cerebral, é quase cego, usa cadeira de rodas e precisa de cuidados 24 horas por dia — na cama em 90% do tempo e permitiu que ele tomasse banho apenas uma vez por semana. 

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A vítima conseguiu denunciar para um amigo, em julho de 2020, como estava sendo tratado e uma operação de resgate, comparada no tribunal a uma extração de refém envolvendo polícia e serviços sociais, ocorreu.


Paul Cavin KC, promotor, disse ao júri no tribunal da Coroa de Portsmouth: “Essas ofensas foram uma exploração deliberada e uma escravização efetiva de Tom. Os réus o trataram como uma propriedade, em vez de uma pessoa de quem deveriam cuidar”.

A promotoria também alegou que Somerset-How foi tratado como uma “vaca leiteira” e que seu dinheiro foi “saqueado”. No entanto, Sarah foi considerada inocente de fraude e roubo.

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Os jurados foram informados de que os Somerset-Hows se mudaram para um bangalô em Chichester, West Sussex, em 2010. Webb chegou, em 2016, para assumir o cargo de cuidador, e os três passarm a dividir a casa.

“Tom deu uma estimativa de que passou quase 90% dos próximos quatro anos na cama”, disse Cavin. “A cada poucos meses, ele tinha permissão para ver sua mãe. Ele passou semanas sem tomar banho e quase um ano sem escovar os dentes."

Além disso, cada aspecto da vida da vítima era controlado e a independência que ele tinha foi "tirada dele pelos réus".

"[Ele] tornou-se prisioneiro em sua própria casa. Ele era totalmente dependente de seus agressores para se manter vivo”, completou Cavin. 

Em depoimento prestado atrás de uma tela, Tom Somerset-How disse que a esposa e o cuidador passavam os finais de semana juntos e o deixavam preso na cama com apenas uma garrafa contendo suco de abóbora. “Eu passava semanas inteiras sem sair da cama, exceto quando precisava desesperadamente do banheiro”, disse ele. “A certa altura, passei cinco semanas na cama.”

Em fevereiro de 2020, Webb mandou uma mensagem de texto para Sarah Somerset-How: “Sem comida para idiotas. Se ele fizer duas refeições, vai cagar tudo.” Ao que ela respondeu: “Lembre-se, estamos apenas usando ele". 

Os advogados do casal tentaram retirar as acusações de escravidão. Mas Cavin rebateu: “Este é um homem que teve toda a sua autonomia tirada dele. A propriedade total foi assumida sobre ele da mesma forma que um mestre faz com um cachorro quando o coloca na cozinha.

O juiz do caso afirmou que havia ampla evidência de que Sarah e Webb o seguraram “como se ele fosse um gado ou animal”.

O cuidador foi condenado por maus-tratos e agressão causando danos corporais reais — após um incidente em que atingiu Somerset-How com um sapato. Já a esposa da vítima foi considerada culpada por ajudá-lo e incentivá-lo. 

Depois que os veredictos e foram entregues, Tom Somerset-How disse: “Estou muito satisfeito. A justiça foi feita".

A dupla deve ser sentenciada no Tribunal da Coroa de Portsmouth em 14 de julho.

*Sob supervisão de Pablo Marques

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