Estudantes voltam a tomar ruas da Argélia para dizer não a presidente
Bouteflika está desde 1999 na presidência do país. Esta é a segunda vez que os estudantes lotam as ruas para protestar
Internacional|Da EFE
Milhares de estudantes voltaram às ruas da Argélia, neste domingo (3), para protestar contra a candidatura de um quinto mandato do presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, no dia em que termina o prazo para a apresentação de candidaturas.
Na capital Argel, aos gritos de "Isto é uma República e não um reino" e "Bouteflika não haverá quinto mandato", os estudantes tentaram romper o cordão de isolamento feito pela tropa de choque e avançar para a praça Grand Post.
Manifestações similares de estudantes acontecem desde o início da manhã em outros pontos da capital e nas principais cidades do país, desde a região montanhosa de Cabília até o oásis de Adrar e nas grandes cidades como Oran.
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Esta é a segunda vez que os estudantes lotam as ruas para protestar contra o "mandato da vergonha" após as manifestações da última terça-feira.
As grandes mobilizações contra a candidatura do atual presidente começaram em 22 de fevereiro em Argel, com uma manifestação de uma magnitude que não é era vista há décadas na capital argelina.
O prazo para a apresentação de candidaturas termina à meia-noite local deste domingo e não se sabe se o presidente, que está internado em um hospital na Suíça, entregará seu expediente através de um representante.
Bouteflika está desde 1999 na presidência do país norte-africano. Em 2013, o chefe de Estado sofreu um "acidente cardiovascular" agudo que o impediu de fazer campanha para as presidenciais de 2014.
Desde então, Bouteflika não fala em público, se locomove em uma cadeira de rodas empurrada por seu irmão Said e suas aparições públicas são incomuns, reduzidas às imagens gravadas pela emissora estatal durante os Conselhos de Ministros e visitas de altos dignitários estrangeiros.
Há cinco anos o presidente argelino não viaja para compromissos no exterior e nos dois últimos cancelou de última hora, por "recaídas de saúde", reuniões já confirmadas com nomes importantes da política mundial como a chanceler alemã Angela Merkel e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamad bin Salman.