O governo da Etiópia declarou nesta quinta-feira (24) uma "trégua humanitária indefinida" com efeito imediato no conflito armado contra os rebeldes na região norte do Tigré desde novembro de 2020.
"Essa decisão é tomada para garantir o livre fluxo da ajuda humanitária de emergência a todos os necessitados", disse o governo etíope, em comunicado divulgado em suas redes sociais hoje, após meses de "bloqueio de fato" na região, conforme informado pelas Nações Unidas.
"O compromisso assumido pelo governo da Etiópia só poderá ter o resultado desejado de melhorar a situação humanitária no terreno à medida que for retribuído do outro lado", disse o governo, anunciando unilateralmente essa medida.
"Para facilitar o sucesso da trégua humanitária, o governo pede aos insurgentes em Tigray que desistam dos atos de agressão e se retirem das áreas que ocuparam em territórios vizinhos", acrescentou.
Desde o início da guerra, a ONU e organizações humanitárias denunciam o bloqueio ao Tigré, que impediu o acesso a suprimentos humanitários e médicos, juntamente com o corte de telecomunicações e serviços bancários, especialmente desde julho do ano passado, quando os rebeldes recuperaram o controle da região.
"O nível de insegurança alimentar deve piorar nos próximos meses, pois os estoques de alimentos restantes da última colheita estão esgotados e a assistência humanitária não está sendo entregue em escala e a tempo devido à falta de acesso rodoviário ao Tigré", disse o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês).
Atualmente, existe apenas uma estrada de acesso por terra, por meio da região vizinha de Afar, onde o movimento foi interrompido pelo recente ressurgimento dos combates naquela área.
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Em meados do mês passado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) obteve permissão pela primeira vez, desde julho de 2021, para enviar suprimentos médicos para a região, como equipamentos essenciais e de proteção para profissionais de saúde, medicamentos para malária e diabetes e tratamentos contra doenças agudas e desnutrição.
O governo etíope fez o anúncio após a visita ao país nesta semana do enviado especial dos Estados Unidos para o Chifre da África, David Satterfield.