Etiópia: Pilotos seguiram instruções da Boeing antes de acidente
Avião modelo 737 Max 8 teve mudança no sistema operacional, que faz nariz da aeronave inclinar para baixo. Acidente aéreo matou 157 pessoas em março
Internacional|Da EFE
Os pilotos do Boeing 737 MAX que caiu na Etiópia em março seguiram os procedimentos de emergência estabelecidos pela fabricante para tentar recuperar o controle da aeronave, mas não tiveram sucesso.
As informações foram reveladas nesta quarta-feira pelo jornal americano "The Wall Street Journal", que ouviu fontes com conhecimento dos resultados preliminares da investigação envolvendo a aeronave da companhia Ethiopian Airlines.
Segundo as fontes, os pilotos desligaram o sistema de controle automático que fazia o nariz do avião inclinar para baixo e seguiram os procedimentos de emergência para tentar aumentar a altitude da aeronave. No entanto, quando não tiveram sucesso na manobra, voltaram a ligar o mecanismo automatizado de voo.
O acidente ainda está sendo investigado e não está claro por que os tripulantes da cabine ligaram o sistema outra vez, mas funcionários do governo dos Estados Unidos e especialistas consideram provável que os controles manuais para elevar o nariz da aeronave não estavam funcionando como deveriam.
As hipóteses têm como base os dados obtidos nas caixas-pretas do avião e levantam questionamentos sobre as afirmações da Boeing e da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), que disseram que o acidente poderia ter sido evitado se os pilotos tivessem seguido o procedimento de desligar o sistema de controle de voo.
Leia também
Boeing apresentará atualização de software para o 737 MAX
O que se sabe sobre o Boeing 737 Max-8, novo modelo de avião envolvido em dois acidentes desde que foi lançado, em 2017
Teste de segurança do Boeing 737 MAX tinha falhas cruciais, diz jornal
Boeings acidentados não tinham sistemas opcionais de segurança
Boeing 737 MAX 8: o que é o MCAS, o software no centro da tragédia da Ethiopian Airlines
O sistema, conhecido como MCAS, também é ponto central das investigações do acidente aéreo com um 737 MAX da Lion Air na Indonésia, em outubro do ano passado.
Os investigadores do acidente na Indonésia acreditam que um sensor fornecia dados equivocados ao sistema, o que levou o piloto automático a inclinar o nariz do avião para baixo.
Alguns desses fatores também foram notados nas investigações da queda com o avião da Ethiopian Airlines, de acordo com as fontes ouvidas pelo "Journal".
Após o acidente ocorrido em outubro, tanto a Boeing como a FAA enviaram memorandos aos operadores do 737 MAX lembrando o procedimento que deve ser seguido caso o sistema falhasse. Esses são os mesmos passos que teriam sido seguidos pelos pilotos da Ethiopian Airlines.
Um relatório preliminar sobre o acidente da Etiópia deve ser divulgado nos próximos dias. Enquanto isso, a Boeing está preparando uma atualização do software do sistema de controle de voo, que amplia o número de sensores e dá aos pilotos mais margem de atuação quando o mecanismo estiver em funcionamento.